Como criar um guerrilheiro

Em Sementes Mágicas , Naipaul recupera a figura de Willie Chandran, personagem principal de Metade da Vida e continua a acompanhar a sua trajectória.

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Ao longo da sua vasta obra, tanto na de ficção como na de não-ficção, Naipaul reflecte as suas próprias origens e vivências Nuno Ferreira Santos

V.S. Naipaul, romancista, ensaísta e escritor de viagens, prémio Nobel em 2001 e prémio Booker (entre outros) manteve, ao longo da vida, um contencioso empolgado com o subcontinente indiano. Ao ler-se, por exemplo, os seus textos reunidos em An Area of Darkness India: a Wounded Nation (1977) ou A Million Mutinies Now torna-se claro que este autor, nascido em Trinidad, terceira geração de indianos imigrados, de nacionalidade inglesa, questionou-se, ao longo da vida, em relação àquele que era o país dos seus antepassados, mas que não foi, definitivamente, o seu. As complexidades e as idiossincrasias que escalpelizou durante as suas visitas e estadas na Índia, revelam um misto de exasperação, ironia, condescendência, espanto e também curiosidade e fascínio. Naipaul (1932-2018) estudou em Oxford e fez de Inglaterra a sua base, apesar de ter passado a vida numa eterna viagem que o marcou como alguém sem raízes, um perpétuo refugiado e exilado. As questões de raça, género e nacionalidade ocupam um lugar central nos seus escritos, e a sua primeira colecção de contos, Miguel Street, revela a sua preocupação com a noção de mundos fechados onde fervilham as maiores tensões entre ideais, costumes e ideologias.

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V.S. Naipaul, romancista, ensaísta e escritor de viagens, prémio Nobel em 2001 e prémio Booker (entre outros) manteve, ao longo da vida, um contencioso empolgado com o subcontinente indiano. Ao ler-se, por exemplo, os seus textos reunidos em An Area of Darkness India: a Wounded Nation (1977) ou A Million Mutinies Now torna-se claro que este autor, nascido em Trinidad, terceira geração de indianos imigrados, de nacionalidade inglesa, questionou-se, ao longo da vida, em relação àquele que era o país dos seus antepassados, mas que não foi, definitivamente, o seu. As complexidades e as idiossincrasias que escalpelizou durante as suas visitas e estadas na Índia, revelam um misto de exasperação, ironia, condescendência, espanto e também curiosidade e fascínio. Naipaul (1932-2018) estudou em Oxford e fez de Inglaterra a sua base, apesar de ter passado a vida numa eterna viagem que o marcou como alguém sem raízes, um perpétuo refugiado e exilado. As questões de raça, género e nacionalidade ocupam um lugar central nos seus escritos, e a sua primeira colecção de contos, Miguel Street, revela a sua preocupação com a noção de mundos fechados onde fervilham as maiores tensões entre ideais, costumes e ideologias.