AVC: por que há seis milhões que não sobrevivem?
Diz-se que, a cada segundo, uma pessoa no mundo sofre um AVC. É uma doença bastante frequente, e praticamente todos conhecemos ou temos na família alguém que morreu ou ficou com sequelas da mesma.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua a ser a principal causa de morte entre os portugueses. E cada um de nós tem um importante papel na inversão desta realidade!
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O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua a ser a principal causa de morte entre os portugueses. E cada um de nós tem um importante papel na inversão desta realidade!
Diz-se que, a cada segundo, uma pessoa no mundo sofre um AVC. É uma doença bastante frequente, e praticamente todos conhecemos ou temos na família alguém que morreu ou ficou com sequelas da mesma. A nível mundial, as duas maiores causas de morte são a doença cardíaca isquémica e o AVC, este último vitimando cerca de seis milhões de pessoas anualmente. Em Portugal, esta doença assume ainda mais relevância, pois é a principal causa de morte, sendo responsável por mais de 11 mil óbitos anuais.
Vulgarmente conhecido por “trombose”, o AVC é causado por alterações na irrigação sanguínea do encéfalo, podendo ser isquémico, quando há um “entupimento” de uma artéria que fornece o sangue com oxigénio e nutrientes a uma parte do cérebro, ou então hemorrágico, quando um vaso sanguíneo se rompe e provoca a saída de sangue do mesmo, causando um hematoma e comprimindo o tecido nervoso com consequências igualmente nefastas.
As células cerebrais ou neurónios são relativamente frágeis e incapazes de sobreviver num meio sem oxigénio que a falta de irrigação de sangue arterial provoca.
Os principais sinais de AVC são consequência da perda súbita de função de parte do cérebro. Na maioria das vezes, isto traduz-se por uma falta de força na metade direita ou esquerda do corpo, observando-se a boca ao lado, dificuldade em mexer o braço e/ou a perna do mesmo lado, e dificuldade em falar — ausência completa ou parcial de discurso e dificuldade em articular as palavras. Toda a população deve conseguir identificar estes sinais e ligar imediatamente o 112, pois a rapidez no transporte e na abordagem destes doentes faz uma diferença significativa no prognóstico e recuperação dos mesmos. Um aforismo conhecido nos meios de saúde é: “Tempo é cérebro!”
Nunca deve negligenciar os sinais nem adiar a deslocação ao hospital, mesmo em tempo de pandemia. Os hospitais são lugares seguros pois implementaram medidas que garantem a segurança de todos. Lembre-se que nestes casos a rapidez é um aspecto fundamental. Esta preocupação com a rapidez do acesso aos doentes com AVC a uma unidade de saúde equipada com meios e com uma equipa dedicada a abordar esta patologia decorre de terem sido desenvolvidos, nos últimos anos, tratamentos para o AVC isquémico (que constituem a grande maioria dos AVC) que visam restaurar a perfusão sanguínea à parte do cérebro afectada, através de técnicas que visam dissolver o coágulo sanguíneo que a está a impedir.
Quanto mais precoce for esta abordagem, mais eficazes são estes tratamentos, pois mais probabilidade existe de recuperar o tecido cerebral isquémico, com falta de irrigação. Além da abordagem imediata para estabilizar o doente em termos de oxigenação e tensão arterial e um exame de imagem para determinar o tipo e a extensão do AVC, por exemplo, estas técnicas mais diferenciadas constituem na injecção de uma substância que vai tentar dissolver os coágulos em todo o corpo, ou mesmo numa técnica chamada trombectomia mecânica, com um cateter que chega até à artéria cerebral ocluída e que tenta remover o coágulo, à semelhança do que se faz há bastantes anos com o enfarte agudo do miocárdio.
Como quase tudo em saúde, a prevenção é o melhor remédio. Um AVC normalmente não é um acaso ou um azar, mas o reflexo de uma pobre saúde cardiovascular que vai piorando com a idade. Os principais factores de risco cardiovascular modificáveis são a hipertensão arterial, a diabetes, o tabagismo, o colesterol elevado e a obesidade. Devemos promover activamente um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada (a mediterrânica é a melhor e a mais saborosa!) com pouco sal, poucos açúcares e gordura de origem animal, privilegiando os legumes, fruta e leguminosas, e a prática regular de exercício físico. E… não fume!
Consultar regularmente o seu médico assistente é fundamental para o orientar neste processo e para despistar a hipertensão, o colesterol elevado e a diabetes, tentando prevenir ou controlar da melhor maneira estas patologias.
Vamos todos combater o AVC para não perdermos anualmente 11 mil portugueses para este flagelo!