Biologia e Geologia: um exame com novidades a mais no entender de professores

Asociação de professores duvida que das alterações feitas tenha resultado “ganho” para os alunos.

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Exame de Biologia e Geologia foi realizado por 40.624 alunos PAULO PIMENTA

A Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG) entende que a “alteração da estrutura” do exame da disciplina, realizado nesta sexta-feira por 40.624 alunos, e “a inovação na tipologia dos itens” deveria ter sido precedida por “uma informação prévia” e até uma “prova-modelo” em vez de os estudantes “serem confrontados no dia do exame com estas novidades”, indicou ao PÚBLICO o presidente da APPBG, Adão Mendes.

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A Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG) entende que a “alteração da estrutura” do exame da disciplina, realizado nesta sexta-feira por 40.624 alunos, e “a inovação na tipologia dos itens” deveria ter sido precedida por “uma informação prévia” e até uma “prova-modelo” em vez de os estudantes “serem confrontados no dia do exame com estas novidades”, indicou ao PÚBLICO o presidente da APPBG, Adão Mendes.

São novidades que vão para além das alterações introduzidas em todos os exames devido ao facto de as escolas terem permanecido encerradas mais de dois meses por causa da actual pandemia, adianta este professor. “Não vemos que da alteração da estrutura da prova tivesse resultado ganho para os alunos”, frisa.

Habitualmente os exames de Biologia e Geologia do 11.º ano têm quatro grupos. O deste ano teve três. Mas não é aí que consiste o problema para a APPBG. “São grupos muito desequilibrados em termos do número de itens e de distinção de conteúdos. Há um grupo com 17 itens, enquanto outro só tem dois”, aponta. Sobre a tipologia dos itens refere que foi proposto “um tipo de exercícios que antes não existia” e são por isso uma “novidade” para os alunos.

No geral é uma prova “que responde a todo o tipo de estudantes, pouco selectiva e por isso é expectável que mais venham a conseguir os resultados desejados”. O que não será mau à partida, embora existam “algumas perguntas que não deveriam constar de um exame do 11.º ano já que se aproximam mais do que seria expectável na disciplina de Ciências Naturais do 3.º ciclo”, diz Adão Mendes.

Para a APPBG, sobram também dúvidas quanto à escolha dos itens cuja pontuação contará obrigatoriamente para a classificação final do exame: “Não percebemos quais as razões para serem aqueles e não outros.”

Os exames deste ano foram divididos em duas componentes: uma que conta obrigatoriamente para a nota final e outra composta de perguntas opcionais das quais só será seleccionada a parte em que os alunos tenham melhor pontuação. No caso do exame de Biologia e Geologia há 10 itens na parte obrigatória, que valem no total 80 pontos. E outros 15 para seleccionar em função das pontuações obtidas, que no conjunto valem 120 pontos. Ou seja, todas as perguntas do exame têm uma cotação de oito pontos cada.

O Instituto de Avaliação Educativa (Iave, responsável pela elaboração dos exames) fez saber em Maio que as perguntas que contarão obrigatoriamente para nota do exame incidiriam nas “competências e conhecimentos desenvolvidos ao longo do percurso escolar” dos alunos ou na “informação facultada pelos suportes associados ao item”, como por exemplo gráficos, mapas ou textos.

Nestes itens obrigatórios existem perguntas “em que não seria preciso estudar Biologia e Geologia para responder”, aponta ainda Adão Mendes. Que refere como exemplo a seguinte questão: “Os peixes em cativeiro não apresentaram, durante o período reprodutivo, perda de reservas energéticas, contrariamente ao que aconteceria no estado selvagem. Apresente um aspecto que possa ter contribuído para tal facto.”