Director do Libération sai para criar projecto de “refundação da esquerda”
“Se nada mudar à esquerda, arriscamo-nos a ter de novo uma segunda volta das presidenciais entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen”, afirmou Laurent Joffrin, que apresentará o seu manifesto segunda-feira.
Laurent Joffrin deixou de ser director do jornal Libération para abraçar um projecto político de “refundação de uma esquerda” social, ecologista e republicana em França, sobre o qual deverá divulgar um manifesto na próxima segunda-feira.
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Laurent Joffrin deixou de ser director do jornal Libération para abraçar um projecto político de “refundação de uma esquerda” social, ecologista e republicana em França, sobre o qual deverá divulgar um manifesto na próxima segunda-feira.
O título do próximo livro de Joffrin, que será publicado pelas Editions Stock, deixa bem claro as intenções deste jornalista que se iniciou na vida política como militante da Juventude Socialista: Anti-Macron. É uma compilação dos artigos que escreveu no Libération entre 2017 e 2020, durante o mandato do Presidente francês, e deve ser publicado a 23 de Setembro, diz o Le Monde.
Joffrin dirigia um jornal de esquerda – mas era também co-gestor e chefe de redacção do diário – e a sua história estava intimamente ligada ao Libération, onde tinha trabalhado no início da década de 1980, antes de lá ter regressado, em 1996, como chefe de redacção e, a partir de Novembro de 2006, como director.
O Libération tem sofrido muitos percalços e mudanças de propriedade nos últimos anos. A última, em Maio, foi a passagem da propriedade da Altice para uma fundação, comprometendo-se o milionário Patrick Drahi a criar um fundo para garantir a independência do jornal, inspirando-se no modelo do Scott Trust, que protege desde os anos 1930 o diário britânico The Guardian.
Com esta mudança, esperava-se que Joffrin saísse do Libération, avançava então o Le Monde. Esta quinta-feira, realizou-se um plenário para debater a compatibilidade da nova aventura política do director com a actividade editorial que ainda pretendia manter. “Laurent Joffrin quer fazer política, nós fazemos jornalismo”, diz um comunicado dos trabalhadores do Libération partilhado no Twitter. A redacção considerou que “este novo compromisso pessoal seria incompatível com a toda a actividade editorial na redacção”.
Ainda assim, Joffrin manterá uma crónica no jornal, e será um dos três administrador do fundo que garante a independência do jornal.
Joffrin firma não estar à procura de nenhum cargo eleito, mas antes de refundar o discurso da esquerda, explicou ao Le Figaro. “Num primeiro tempo, quero criar uma associação para defender ideias e definir uma estratégia. Isso desencadeará a criação de um novo movimento. Esta iniciativa inscreve-se naturalmente na perspectiva das presidenciais”, marcadas para a Primavera de 2022.
“Se nada mudar à esquerda, arriscamo-nos a ter de novo uma segunda volta das presidenciais entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen, e essa é uma perspectiva que não me satisfaz”, disse ainda Joffrin ao Le Monde.