Dia 84: Conheça o top 5 das Birras de Verão

Uma mãe/avó e uma filha/mãe falam de educação. De birras e mal-entendidos, de raivas e perplexidades, mas também dos momentos bons. Para avós e mães, e não só.

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Durante uns momentos a covid-19 trocou-nos as voltas e distraiu-nos da sazonalidade das birras. Como já estávamos em casa, as férias dos miúdos chegaram sorrateiramente, mas não nos deixemos enganar: as birras do Verão estão aí!

Não sabia que existiam birras de Verão? Mas há! Vou dizer-lhe só o Top 5 (em Setembro, envio-lhe a edição de Inverno). Aposto que, ao consultá-la, as suas memórias das nossas birras vão começar a saltar-lhe na cabeça que nem pipocas. E algumas vai ter a oportunidade de reviver com os seus queridos netos. Para não ser acusada de parcialidade, deixo-lhe também o ponto de vista dos filhos.

Birras de Verão

#1 Protectores Solares
Mães: São caros como ao raio. Andamos a correr atrás dos miúdos e já nem sabemos que membros já têm ou não têm creme. E somos sempre nós que apanhamos um escaldão, porque no fim não fica ninguém para nos pôr creme nas costas.

Filhos: Cola, pica, atrai areia, é uma seca ficar quieto para pôr e vai sempre para os olhos.

#2 Programas “diferentes”
Mães: Parecem sempre o máximo, são sempre caros e sempre insuficientes aos olhos da nossa prole.

Filhos: Praia. Piscina. iPad. Qualquer variação é uma seca e a mãe espera sempre imensos sorrisos e agradecimentos.

#3 Máscaras para a porcaria da covid-19*birra edição especial 2020
Mães: Está calor. Faz comichão. É impossível não mexer nela.

Filhos: Está calor. Faz comichão. É impossível não mexer nela.

#4 Dormir
Mães: Estão mais cansados do que nunca, saltam-se sestas e têm de se aturar as birras de sono acumuladas, mas nunca adormecem com a excitação (excepto se forem 19h15 e estiverem no carro a caminho de casa para estragar o resto da noite).

Filhos: Dormir = Não.

#5 Tecnologias
Mães: Sempre que é preciso que fiquem entretidos lembram-se de brincar a alguma coisa que nos envolva a nós, mas sempre que queremos que larguem aquela “porcaria”, reagem como se lhes estivéssemos a roubar a próxima dose de cocaína.

Filhos: Nunca nos deixam usá-las o tempo suficiente e, mesmo quando deixam, ficam o tempo inteiro a passar por perto e a resmungar: “Estás sempre preso a isso! No meu tempo brincávamos na rua durante horas a fio...”

Enfim, há muitas mais, mas tenho que ir fazer o piquenique, pôr creme em todos para sairmos para um programa diferente, arrancando-os de casa entre protestos, e preparando a paciência para os protestos que se seguirão quando forem horas de voltar, e me disserem que ainda é cedo demais para irem para a cama.

Socorro, solidariedade precisa-se.

Ana

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Querida Ana,

Em primeiro lugar não posso deixar de comentar que Freud não deixaria passar esta tua associação de palavras — “memórias que saltam como pipocas”? Precisas desesperadamente de ir ao cinema. Com pipocas, claro — não sei se a decisão pós covid-19 de as abolir sempre se concretizou, mas senão leva-as de casa. Ou come pastilhas. O importante é a sala de cinema em silêncio. Sem gremlins, prontos a saltar em cima de ti a cada momento.

Quanto às Birras de Verão não me tinha propriamente esquecido, até porque se bem te lembras evitava as férias a todo o custo, agora percebes porquê. Mas sinceramente depois de cinco meses de filhos presenciais 24 horas sobre 24 horas, os pais mereciam um desconfinamento só para eles. Mandamos para cá uns dias. Tenho vidros para limpar e as escadas para encerar. Birras com fim à vista são bem mais suportáveis, como sabem todos os avós.

Beijinhos


No Birras de Mãe, uma avó/ mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, vão diariamente escrever-se, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. Na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam. Facebook e Instagram