Durou 24 horas. Estátua da activista que substituiu a do esclavagista foi removida — e vai para um museu
A escultura da activista Jen Reid que o artista Marc Quinn desenhou para ocupar o pedestal da recentemente derrubada estátua do político e esclagavista Edward Colston vai ficar provisoriamente no museu da Câmara de Bristol. O artista terá de escolher entre recolher a obra ou doá-la ao município.
Jen Reid estava presente quando, a 7 de Junho, um grupo de activistas que se identificam com o movimento Black Lives Matter derrubaram a estátua de Edward Colston, político, filantropo e esclavagista do século XVII. A fotografia da manifestante em cima do plinto e de punho levantado inspirou o artista Marc Quinn, que na madrugada desta quarta-feira, numa “operação secreta”, ocupou o pedestal de Colston com a sua escultura Surge of Power (Jen Reid) 2020, uma reprodução da pose de Reid. 24 horas depois, na madrugada de quinta-feira, a estátua foi removida.
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Jen Reid estava presente quando, a 7 de Junho, um grupo de activistas que se identificam com o movimento Black Lives Matter derrubaram a estátua de Edward Colston, político, filantropo e esclavagista do século XVII. A fotografia da manifestante em cima do plinto e de punho levantado inspirou o artista Marc Quinn, que na madrugada desta quarta-feira, numa “operação secreta”, ocupou o pedestal de Colston com a sua escultura Surge of Power (Jen Reid) 2020, uma reprodução da pose de Reid. 24 horas depois, na madrugada de quinta-feira, a estátua foi removida.
Segundo o The Guardian, uma equipa de empreiteiros foi fotografada a utilizar cordas e um guindaste para retirar a intervenção de Quinn — que, numa declaração publicada ontem no seu site e assinada em conjunto com Reid, já informava que a escultura corresponderia a uma “instalação pública temporária” e que não havia “obtido uma autorização formal” das autoridades para a realização da operação. Citada pelo jornal britânico, uma representante da Câmara de Bristol explicou que a estátua vai ficar no museu do município “para o artista a recolher ou doar à colecção” da autarquia. De acordo com a BBC Bristol, Quinn terá de pagar o custo da remoção da escultura.
Quinn e Reid, de resto, disseram que quaisquer receitas de uma eventual venda de Surge of Power (Jen Reid) 2020 reverterão para duas instituições de caridade, escolhidas por Reid, empenhadas no aprofundamento do ensino da história das comunidades negras em escolas britânicas.
Em conversa com a BBC Radio 5, o presidente da Câmara de Bristol, Marvin Rees, salientou que a cidade está a passar por “um período muito delicado”. “Isto [a remoção da escultura de Quinn] não é sobre derrubar a estátua da Jen, que é uma mulher impressionante”, prosseguiu o autarca. “Isto é sobre remover uma estátua de um artista que a levantou sem permissão.”
Nas redes sociais, muitos apoiantes da escultura de Reid criticaram a pressa com que o município a removeu. “A estátua de Edward Colston manteve-se em pé durante 125 anos e ele era um comerciante de escravos. A Jen Reid, uma lutadora pela liberdade, esteve 24 horas”, apontou no Twitter a autora Bernardine Evaristo, argumentando que, agora, tem de ser encontrado “um lugar público” para a escultura. “Se Bristol não tem coragem, nomeio Brixton”, frisou a escritora.
A polícia disse que, neste momento, o futuro de Surge of Power (Jen Reid) 2020 é um assunto da autarquia. O The Guardian destaca que, na noite de quarta-feira, terá havido alguma tensão entre diferentes grupos de manifestantes, com um lado da barricada a exigir o derrube da estátua de Quinn e o outro a ajoelhar-se em forma de protesto.