Mais oito mortes por covid-19, máximo de recuperações em quase dois meses. Costa diz que país não aguenta novo confinamento
Recuperaram 560 pessoas nas últimas 24 horas e o número de casos activos diminuiu pelo segundo dia consecutivo: há agora 13.640 pessoas infectadas. Desde o início do surto, morreram 1676 pessoas e recuperaram 32.110 em 47.426 casos identificados.
Portugal regista esta quarta-feira mais oito mortes por covid-19, um aumento de 0,48%, somando-se um total de 1676 vítimas mortais no país desde o início do surto. Há mais 375 pessoas infectadas, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 0,8%, que eleva para 47.426 o número de total de casos identificados em Portugal.
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Portugal regista esta quarta-feira mais oito mortes por covid-19, um aumento de 0,48%, somando-se um total de 1676 vítimas mortais no país desde o início do surto. Há mais 375 pessoas infectadas, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 0,8%, que eleva para 47.426 o número de total de casos identificados em Portugal.
Destes novos casos, 288 (76,8%) são na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo os números divulgados no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira.
O número total de recuperações subiu para 32.110, com 560 pessoas recuperadas nas últimas 24 horas, o maior aumento desde 24 de Maio. Na altura, o grande aumento no número de recuperados deveu-se a uma mudança de metodologia no registo de dados no trace-covid, o sistema de vigilância clínica concebido para apoiar as equipas de saúde no acompanhamento e monitorização dos doentes. Desde essa data, o maior aumento no número de recuperados foi registado ontem, com 485, menos 75 do que esta quarta-feira. Nos últimos dois dias, recuperaram 1045 pessoas.
Excluindo as recuperações e os óbitos, há 13.640 casos activos em Portugal menos 193 do que no dia anterior. É o segundo dia consecutivo em que o número de pessoas ainda infectadas diminui, depois de uma redução de 258 na terça-feira.
Há 478 pessoas internadas, das quais 68 estão nos cuidados intensivos (menos uma do que na terça-feira).
A taxa de letalidade fixa-se em 3,5%, sendo que, nos pacientes com 70 ou mais anos, este número sobe para 16,1%. Todas as vítimas mortais nas últimas 24 horas eram doentes com 80 ou mais anos.
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a mais afectada, com um acumulado de 23.296 casos de infecção contabilizados desde o início do surto e 550 mortes (mais três). No entanto, é a região Norte a que tem mais mortes a lamentar, com 826 (mais três) em 18.215 casos (mais 31). As duas regiões somam 87,5% dos casos e 82,1% das mortes no país.
Nas últimas 24 horas foram ainda identificados 25 casos no Algarve (750 casos e 15 mortes), 22 infecções e uma morte no Centro (4319 casos e 251 mortes) e dez casos e um óbito no Alentejo (596 casos e 19 mortes). Foi ainda identificado um novo caso nos Açores (152 casos e 15 mortes). A Madeira não teve registo de qualquer nova infecção.
Questionada, durante a conferência de imprensa desta quarta-feira sobre a evolução da pandemia em Portugal, sobre o número de mortes associadas ao surto em Reguengos de Monsaraz, em Évora, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que a situação está “estabilizada”, relembrando que a população do lar onde se registaram as mortes é bastante fragilizada e que os casos de infecção em questão eram muito graves. O número de mortes em Reguengos de Monsaraz subiu esta quarta-feira para 17 depois da morte de uma mulher de 82 anos no fim da tarde desta terça-feira.
O boletim desta quarta-feira volta a não apresentar dados actualizados dos concelhos, conforme a informação apresentada no relatório de terça-feira, dando conta de que a “caracterização demográfica dos casos confirmados terá uma actualização semanal publicada à segunda-feira, na pendência de desenvolvimentos nos sistemas de informação.”
Até terça-feira, Portugal contabilizava 1668 mortes e 30.907 recuperações em 65.512 casos confirmados de infecção.
Costa diz que país não aguenta segundo confinamento. Graça Freitas não comenta
O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que o país não aguenta um segundo período de confinamento, reiterando que o próximo Inverno deve ser preparado assim que possível. “Não podemos repetir o confinamento que tivemos de impor durante o período do estado de emergência. As empresas, as famílias e as pessoas não o suportarão”, disse António Costa. Questionada pelo PÚBLICO – pouco depois de ter dito que o país que serve de exemplo a Portugal está a experienciar uma segunda onda do vírus –, a directora-geral da Saúde preferiu não comentar estas declarações.
“Não comento o que o senhor primeiro-ministro diz. Aprendemos muito com esta pandemia e sabemos que podemos passar de um confinamento genérico para um confinamento cirúrgico. Quando dizemos que uma família tem de ficar confinada, estamos a fazer isso a um nível micro. Quando é uma rua ou bairro… diferente é ser ao nível de um país”, disse.
Por sua vez, a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, garante que as necessidades de reforços em hospitais e em medicina intensiva estão a ser acauteladas, vincando a aposta na vertente digital. “O Governo está a reforçar todas as dinâmicas instaladas no terreno para as colocar ao dispor no próximo Inverno”, explica.
Graça Freitas usou também da palavra para esclarecer as medidas de segurança no regresso do próximo ano lectivo. A responsável garante que o distanciamento entre alunos – focado pela comunicação social nos últimos dias – é apenas uma das muitas medidas que vão ser aplicadas.
“Estão previstos circuitos diferentes, utilização de máscaras por toda a comunidade escolar, uma determinada disposição de carteiras nas salas, uma determinada utilização dos espaços, higienização, etiqueta. Sei que o que deu confusão é a questão do distanciamento entre os alunos. O que foi consensualizado entre a DGS e as direcções do Ministério da Educação é que ‘sempre que possível deve manter-se um distanciamento físico entre os alunos e outros profissionais de pelo menos um metro sem que se comprometa o normal funcionamento das actividades lectivas’. Isto ficou redigido assim para que esta medida não seja vista isoladamente”, reiterou.
Segunda onda de vírus? Portugal olha para a Austrália
A directora-geral da Saúde explicou que Portugal tem analisado atentamente a evolução do vírus na Austrália, para perceber se uma segunda vaga da covid-19 pode ser esperada quando o país regressar às temperaturas mais baixas. Pelo que se tem observado no país da Oceânia, cenário pode repetir-se, mas ainda é cedo para serem retiradas conclusões.
“O hemisfério Norte observa muito as doenças sazonais. Quando um vírus novo aparece, tem características diferentes e pode não respeitar a sua preferência por uma estação do ano. É o que está a passar-se com este coronavírus — em Portugal, mesmo com altas temperaturas, está presente”, começou por explicar, acrescentando que o hemisfério Sul, com particular atenção à Austrália, por ser um país “altamente desenvolvido” na área da saúde e do acompanhamento epidemiológico, está a ser observado “para perceber o que se passará no Norte”.
“O que estamos a assistir na Austrália foi que tiveram uma primeira onda — conseguiram baixar bastante os números e tiveram um período com muitos poucos casos — e neste momento está de facto a apresentar uma segunda onda que parece ser simétrica à primeira. Digo parece porque ainda agora começou o Inverno, mas, neste momento, está a demonstrar uma segunda onda”, explicou a directora-geral da Saúde.
Sobre possíveis casos de reinfecção em Portugal, Graça Freitas diz que não há provas, a nível mundial, que comprovem este fenómeno.
“Quero dizer que temos ainda que ter a humildade de pensar que não sabemos muitas coisas sobre a doença. Não há prova inequívoca que existe esse fenómeno da reinfecção”, afirmou a directora-geral da Saúde, reforçando que pessoas que tiveram a doença e que têm um teste positivo depois de dois testes negativos podem não estar infectados ou a transmitir o vírus: “Pode significar apenas que na sua árvore respiratória superior existam partículas do vírus e que essas partículas dão que positivo no teste mas que não sejam capazes de transmitir o vírus a outros”.