Marcelo: “Já se fala no próximo surto, mas ainda não saímos do actual”

É preciso precaver uma possível segunda vaga, mas sem “desleixar o que se passa agora”, diz o Presidente da República. Costa diz que país não aguentará um segundo confinamento.

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Marcelo com membros do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), nos jardins do Palácio de Belém LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O Presidente da República concorda que Portugal deve evitar um novo confinamento por causa da covid-19 no Outono e Inverno, mas advertiu que até lá não se pode descuidar o actual surto.

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O Presidente da República concorda que Portugal deve evitar um novo confinamento por causa da covid-19 no Outono e Inverno, mas advertiu que até lá não se pode descuidar o actual surto.

“Nós ainda não acabámos de viver um surto pandémico. É verdade que já se fala no próximo surto, mas ainda não saímos do actual. É bom que isso fique claro, que isto às vezes também é muito português: estamos a falar no segundo surto e ainda estamos no primeiro, ainda estamos com mais de 300 contaminados por dia no primeiro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que falava durante uma audiência ao Conselho Nacional de Juventude (CNJ), nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa, acrescentou: “Não é que se não deva preparar o segundo, mas talvez não seja má ideia continuar a acompanhar, como se tem acompanhado, e todos os portugueses têm vivido e têm experimentado nas suas vidas, o que foi a mudança introduzida pelo primeiro”.

O primeiro-ministro sustentou esta quarta-feira que Portugal não suportará um novo período de confinamento por causa da covid-19 e que o tempo é “curtíssimo” para a sociedade se preparar para uma segunda vaga no Outono ou Inverno. “Não podemos repetir o confinamento que tivemos de impor durante o período do estado de emergência. As empresas, as famílias e as pessoas não o suportarão”, disse Costa.

Questionado sobre estas declarações, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “é preciso fazer” “duas coisas ao mesmo tempo": “É preciso, como disse o senhor primeiro-ministro, olhar para o futuro e preparar o futuro, surja ele em Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, quando for”, mas sem “desleixar o que se passa agora”.

O chefe de Estado concordou que será “muito difícil voltar a repetir o confinamento, portanto, tem de se encontrar fórmulas de antecipar e de substituir uma solução radical, prevenindo essa segunda onda”. “Não podemos é deixar de ter os pés na terra e de ter cuidado com esta onda que existe, ainda não desapareceu. Estabilizou, mas existe”, salientou.

Segundo o Presidente da República, em Portugal “o confinamento foi dos mais exigentes da Europa e cumprido voluntariamente pelos portugueses” e “o ideal é não voltar a recorrer a um confinamento similar em circunstância idêntica”.

Ressalvando que houve sectores em que “nunca se parou de trabalhar”, Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que a reabertura gradual de actividades e estabelecimentos encerrados “iria provocar inevitavelmente a subida de infectados ou contaminados, porque as pessoas passavam para uma convivialidade social que não tinham tido”.

O chefe de Estado aconselhou a que se encare este desafio “de uma forma muito serena, muito racional”, e “sem traumas nem complexos”, mantendo a “orientação de verdade” seguida.