Emagrecimento é o que mais se procura na cirurgia estética pós-confinamento

Mais tempo em casa significa mais privacidade para recuperar de intervenções estéticas. Mas às clínicas de estética também chegam casos urgentes recusados pelo SNS.

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Intervenções de emagrecimento vão preencher o calendário dos cirurgiões plásticos nos próximos tempos ADRIANO MIRANDA

Um pouco por todo o mundo, incluindo na Europa, o confinamento serviu para corrigir algumas imperfeições através da cirurgia plástica. Portugal não foi excepção e, por cá, as intervenções continuam, agora, para retirar algumas gorduras acumuladas durante o período em que os portugueses foram obrigados a ficar em casa por causa da covid-19.

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Um pouco por todo o mundo, incluindo na Europa, o confinamento serviu para corrigir algumas imperfeições através da cirurgia plástica. Portugal não foi excepção e, por cá, as intervenções continuam, agora, para retirar algumas gorduras acumuladas durante o período em que os portugueses foram obrigados a ficar em casa por causa da covid-19.

Foi exactamente o confinamento que trouxe uma das justificações para muitos dos utentes. “Eu decidi fazer as intervenções durante a quarentena porque me permitiu recuperar em casa”, admitiu à BBC Aaron Hernandez, que aproveitou o período para fazer enchimento labial em Los Angeles.

Uma vez que a intervenção “não é algo que muitos homens tendam a fazer porque algumas pessoas podem achar diferente”, Aaron preferiu ficar em casa e recuperar “sem que os outros percebessem”. Isto porque, da última vez que fez a mesma intervenção antes da quarentena, teve de ir trabalhar com os lábios “extremamente inchados”.

Por cá, o facto de os utentes poderem ficar em casa a recuperar é uma das razões que a dermatologista e cirurgiã plástica Alexandra Osório atribuiu ao ligeiro aumento que sentiu na Clínica DermAge, em Lisboa. Por outro lado, indica a médica, algumas pessoas também conseguiram poupar algum dinheiro durante o confinamento que agora utilizam para “se tornarem mais bonitas, com aspecto mais saudável e com a pele mais luminosa”, através da utilização de botox e preenchimento, mais do que “propriamente a fazer grandes intervenções cirúrgicas”. Contudo, a colocação de próteses mamárias e as intervenções relacionadas com o emagrecimento justificam um aumento de mais duas idas “à faca” por semana face ao que seria normal para Alexandra Osório nesta altura do ano.

Já Biscaia Fraga, um dos nomes mais reconhecidos da cirurgia plástica em Portugal, diz não ter sentido um aumento significativo no número de intervenções. Porém, nas últimas semanas começam a chegar à sua clínica, em Lisboa, cada vez mais marcações de consultas também relacionadas com o emagrecimento. “Vão ser as práticas mais correntes a partir deste mês”, aponta o cirurgião.

“Casos prioritários” recusados pelo SNS

Apesar disso, o cirurgião de plástica reconstrutiva e estética alerta para o facto de ter recebido “casos prioritários” que terão visto as suas queixas recusadas pelo Sistema Nacional de Saúde, o qual, durante o mês de Maio, realizou menos 902 mil consultas e 85 mil cirurgias.

O médico exemplifica, relatando o caso de uma doente com “sinais clínicos de tumor maligno na mama” e que terá ido a um estabelecimento de saúde público, tendo-lhe sido dito que só passados três meses poderia ter consulta. “Eu fiz uma biopsia e revelou-se, de facto, ser um tumor maligno”, denuncia Biscaia Fraga.

Outra utente, que já tinha recorrido ao cirurgião há cerca de uma década para simetrizar a face, depois de lhe ter sido retirado um olho em criança devido a um tumor, ter-se-á virado de novo para o consultório privado por obrigação. “Ela caiu e fez uma ferida na cavidade orbitária e, quando foi ao serviço de urgência, disseram-lhe que não tinham hipótese de a tratar”, reporta.