João Leão revê previsão do défice de 2020 para 7%

Estimativa do défice em 2020 vai ser agravada em 0,7 pontos percentuais, “subindo de 6,3% para 7% do PIB”, reiterou hoje o ministro das Finanças no Parlamento. Medidas de alteração ao OES agravam défice em 1,4 mil milhões de euros

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LUSA/TIAGO PETINGA

O ministro das Finanças informou hoje o Parlamento que vai rever de 6,3% para 7% a estimativa do défice de 2020, para acomodar as alterações ao Orçamento do Estado Suplementar (OES), acusando o PSD de ter aprovado medidas que aumentam o défice.

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O ministro das Finanças informou hoje o Parlamento que vai rever de 6,3% para 7% a estimativa do défice de 2020, para acomodar as alterações ao Orçamento do Estado Suplementar (OES), acusando o PSD de ter aprovado medidas que aumentam o défice.

O conjunto de medidas de alteração ao Orçamento do Estado Suplementar introduzidas durante a discussão na especialidade “conduzem a um agravamento significativo do défice orçamental em cerca de 1400 milhões de euros”, referiu João Leão, que está a ser ouvido na Comissão de Orçamento e Finanças.

Neste contexto, “o Governo informa o parlamento de que, em resultado destas alterações”, a estimativa do défice em 2020 vai ser agravada em 0,7 pontos percentuais, “subindo de 6,3% para 7% do PIB”, referiu o ministro, que em declarações à Lusa, na semana passada, já tinha apontado esta revisão em alta da estimativa do défice.

Dos 1.400 milhões de euros em propostas de alteração incluídas no Orçamento Suplementar, 400 milhões têm a ver com medidas de aumento da despesa e até mil milhões de euros do lado da receita, precisou o ministro das Finanças na sua intervenção inicial na comissão, tendo referido que, apesar de o Governo compreender estas medidas, não podia “deixar de notar” a posição do PSD.

“Não podemos deixar de notar que o líder do PSD acusou o Governo de ter tendências despesistas e alertou o país para o facto de o orçamento ser optimista”, referiu João Leão, para acrescentar que, “mais uma vez”, o PSD parece “defender tudo e o seu contrário: acusa o Governo de ser despesista e depois aprova medidas do lado da despesa e da receita agravando o défice em 1400 milhões de euros”.

A referência teve resposta imediata da bancada do PSD, com o deputado Afonso Oliveira a exigir que o ministro das Finanças refira quais foram as propostas dos social-democratas que originaram esta revisão em alta da estimativa do défice.

“Diga-me qual é a proposta que o PSD apresentou ao Parlamento que agrava o défice: está a falar da proposta para os sócios-gerentes que foi aprovada com os votos de todos os partidos, até do PS? Está a falar da proposta do PCP que tem a ver com o pagamento por conta? Não é nenhuma do PSD”, afirmou Afonso Oliveira.

O deputado do PSD lamentou que “em vez de se preocupar com a situação do país”, o ministro das Finanças tenha usado a sua intervenção inicial para acusar este partido e o seu líder de serem responsáveis pelo agravamento do défice.

Quanto às críticas de optimismo sobre o cenário macroeconómico que o Governo inscreveu no Orçamento Suplementar, Afonso Oliveira precisou que esta é uma constatação generalizada e que o próprio Programa de Recuperação Económica elaborado por António Costa e Silva a pedido do Governo admite que a queda do PIB pode chegar aos 12% em 2020.

No Orçamento Suplementar, o Governo estima que a economia possa contrair-se 6,9% este ano, um valor inferior ao projectado por outras instituições, nomeadamente pela Comissão Europeia, que aponta agora para uma queda de 9,8% do PIB português em 2020.