“O PSD não tem peste”, mas “não vale a pena alimentar romances”, diz Costa
No final da reunião com Viktor Orbán, primeiro-ministro afirma-se um “optimista impenitente”, defendeu que acordo na UE “é possível” e que “nenhum cidadão europeu perceberá” se ele não acontecer já este fim de semana.
O primeiro-ministro defendeu esta terça-feira a necessidade de haver acordos políticos, tanto na Europa como em Portugal, para fazer frente à pandemia e ao seu impacto na economia e no emprego. À saída de um encontro e Budapeste com o seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, António Costa deu respostas curtas mas incisivas sobre o bloco central em Portugal e a cimeira de líderes da UE que começa já na sexta-feira.
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O primeiro-ministro defendeu esta terça-feira a necessidade de haver acordos políticos, tanto na Europa como em Portugal, para fazer frente à pandemia e ao seu impacto na economia e no emprego. À saída de um encontro e Budapeste com o seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, António Costa deu respostas curtas mas incisivas sobre o bloco central em Portugal e a cimeira de líderes da UE que começa já na sexta-feira.
Em declarações à RTP, António Costa defendeu a necessidade de “entendimentos mais alargados” em Portugal, mas recusou o cenário de um bloco central: “O PSD não tem peste”, mas, avisou, “é um romance que não vale a pena continuar a alimentar porque não tem fim, ninguém caminha para aí”, garantiu.
Na véspera de uma ronda de reuniões com os partidos de esquerda com vista a começar a preparar o próximo Orçamento do Estado, o primeiro-ministro insistiu na necessidade de “haver entendimentos o mais alargados possível”, apontando, a título de exemplo, que sempre defendeu “que o programa nacional de infraestruturas, que são compromissos do país para séculos, devem obviamente transcender aquilo que é um mandato limitado de uma maioria”.
Segundo o chefe de Governo, “há matérias, como a política externa e a política de defesa, que devem ser objecto de um acordo o mais amplo possível”, e defendeu que o mesmo deve acontecer perante a pandemia. "Foi muito importante para o país, no momento mais difícil desta crise, que todo o sistema partidário, com pequenas excepções, se tenha unido, por exemplo, em torno das propostas do Presidente da República da declaração do estado de emergência”. E também o será agora, na altura que o primeiro-ministro diz ser de preparar os próximos meses, nas empresas ou nas instituições, admitindo que, se houver uma segunda vaga, pode ser necessário novo confinamento.
Diferente, sublinhou, é o cenário de um bloco central: “Outra matéria são as soluções de governação, e aí todos ganham em ter o Governo que escolheram e uma alternativa que possam escolher”, disse, acrescentando que “as grandes coligações ou blocos centrais diminuem essa capacidade” e “empobrecem a democracia”. “E ainda por cima, essa é não só a posição do PS, como é também a posição do PSD, portanto é um romance que não vale a pena continuar a alimentar”, concluiu.
"Optimista impenitente"
Sobre o encontro com Viktor Orbán, António Costa foi lacónico, preferindo afirmar-se um “optimista impenitente”. “Não vejo razão, desde que haja vontade política, para que não haja acordo na União Europeia”, disse e repetiu. E sobre o ingrediente essencial que ainda parece faltar, considera que não há alternativa: “Não conseguirei perceber porque é que não haverá vontade política face a esta situação dramática que todos estamos a sofrer, não apenas do ponto de vista sanitário, mas também económico e do emprego”.
“A ideia de que podemos adiar o acordo é uma decisão que nenhum cidadão europeu vai perceber”, argumentou, insistindo que “é o próprio mercado interno que está paralisado. Enquanto isto não arrancar, nada arranca”.