EDP antecipa encerramento das centrais de carvão na Península Ibérica

Eléctrica portuguesa vai gastar 100 milhões de euros este ano para fechar a central de de Sines e a central de Soto de Ribera nas Astúrias. A prioridade, agora, é investir no hidrogénio verde. Fundo para Transição Justa deverá ajudar a criar e a reconverter emprego em Sines

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Miguel Manso

A EDP vai antecipar o encerramento das centrais a carvão na Península Ibérica e prevê gastar cerca de 100 milhões de euros este ano de 2020 para encerrar não só a central de Sines como também a unidade de Soto de Ribera, nas Astúrias, em Espanha.

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A EDP vai antecipar o encerramento das centrais a carvão na Península Ibérica e prevê gastar cerca de 100 milhões de euros este ano de 2020 para encerrar não só a central de Sines como também a unidade de Soto de Ribera, nas Astúrias, em Espanha.

Em comunicado, a eléctrica portuguesa anunciou ter entregado na Direcção Geral de Energia e Geologia esta terça-feira, 14 de Julho, uma declaração de renúncia à licença de produção para que possa encerrar a sua actividade já em Janeiro de 2021.

O mesmo irá fazer com as autoridades espanholas, para encerrar a central de Soto da Ribera em 2021. E na Central de Aboño, também na região das Astúrias, mantém-se o pedido de licenciamento anunciado em Dezembro do ano passado, que prevê a conversão de carvão para gases siderúrgicos a partir de 2022. 

A decisão tomada pela EDP é enquadrada na estratégia de descarbonização que tem vindo a ser assumida pelo grupo e, segundo o comunicado “foi tomada num contexto em que a produção de energia depende cada vez mais de fontes renováveis”.

“Além disso, com o crescente aumento dos custos da produção a carvão, aliado a um agravamento da carga fiscal, e com a maior competitividade do gás natural, as perspectivas de viabilidade das centrais a carvão diminuíram drasticamente”, justifica a empresa.

Recorde-se que as decisões de encerrar estas centrais termoeléctricas já haviam sido anunciadas pelo Governo, sendo que a Central do Pego, em Abrantes, termina também a sua licença de produção em Novembro de 2021. Mas a de Sines, explorada pela EDP, tinha licença de produção até 2023.

A Endesa e a Trusternergy, que exploram a central de Abrantes, já tinham admitido o interesse em converter a central para a produção de hidrogénio verde. Agora é a vez da EDP confirmar que pretende fazer o mesmo.

De acordo com o comunicado, a empresa está a avaliar “o desenvolvimento de um projecto de produção de hidrogénio verde em Sines, em consórcio com outras empresas”, e tem a expectativa de que a região possa beneficiar de apoios do Fundo para a Transição Justa, que promovam a formação de profissionais especializados e criação de empregos qualificados. 

A EDP compromete-se a cumprir todas as obrigações laborais com os 107 trabalhadores da central de Sines “e a empenhar-se no sentido de que a região possa beneficiar dos apoios previstos no Fundo para a Transição Justa, no sentido de criar e reconverter o emprego naquela zona”.

No caso de Soto da Ribera, onde a EDP tem uma central com 346 MW de potência, a EDP está a avaliar as melhores opções para desenvolver um projecto de armazenamento de energia no mesmo espaço.

Na Central de Aboño, também na região das Astúrias, mantém-se o pedido de licenciamento anunciado em Dezembro do ano passado, que prevê a conversão de carvão para gases siderúrgicos a partir de 2022. Esse processo envolve a modificação de um grupo com 342 MW de potência, mantendo-se um segundo grupo (de 562 MW) como apoio a indisponibilidades, contribuindo assim para uma economia mais circular.

“A decisão de antecipar o encerramento de centrais a carvão na Península Ibérica é assim uma consequência natural do processo de transição energética, estando alinhada com as metas europeias de neutralidade carbónica e com a vontade política de antecipar esses prazos”, explica Miguel Stilwell de Andrade, presidente executivo interino da EDP, citado no referido comunicado.