Uigures: China retalia e impõe sanções a figuras do Partido Republicano

Senadores Marco Rubio e Ted Cruz, duas das vozes mais críticas em relação ao tratamento dos uigures em Xinjiang, são dois dos visados. Pequim acusa Washington de pôr em causa as relações bilaterais.

Foto
O senador Ted Cruz é um dos quatro visados pelas sanções de Pequim JAMES LAWLER DUGGAN/REUTERS

A China anunciou sanções contra os Estados Unidos em retaliação às medidas impostas por Washington a Pequim devido à violação dos direitos humanos dos uigures e de outros muçulmanos na província de Xinjiang.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A China anunciou sanções contra os Estados Unidos em retaliação às medidas impostas por Washington a Pequim devido à violação dos direitos humanos dos uigures e de outros muçulmanos na província de Xinjiang.

As sanções impostas pela China visam os senadores republicanos Marco Rubio e Ted Cruz, o congressista de Nova Jérsia Chris Smith e Sam Brownback, embaixador norte-americano para a liberdade religiosa.

“Os assuntos de Xinjiang são questões internas da China e os Estados Unidos não têm o direito de interferir”, afirmou esta segunda-feira Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, numa conferência de imprensa em Pequim, citada pelo Washington Post.

Hua Chunying anunciou que as sanções estão em vigor desde esta segunda-feira, no entanto, não deu mais detalhes e não revelou como serão aplicadas.

A resposta de Pequim, num momento de tensão entre Estados Unidos e China, exacerbado pela questão de Hong Kong, a resposta à covid-19 e a guerra comercial entre as duas superpotências, surge dias depois de os Estados Unidos terem anunciado sanções a várias figuras do Partido Comunista da China.

A China tem sido acusada de perseguir e deter arbitrariamente em campos de doutrinação política mais de um milhão de uigures, uma minoria muçulmana da província de Xinjiang. O Partido Comunista chinês considera que as medidas são necessárias para conter a radicalização islâmica e define os campos como escolas que pretendem ajudar os uigures a integrarem-se na sociedade chinesa.

No entanto, as Nações Unidas, organizações de defesa dos direitos humanos, vários países ocidentais e grupos de uigures no exilo denunciam os abusos de direitos humanos em Xinjiang, que vão desde tentativas do controlo da natalidade a programas de vigilância constante e trabalho forçado.

Entre as figuras visadas pelos Estados Unidos está Chen Quanguo, secretário-geral do Partido Comunista chinês em Xinjiang e responsável pelos programas nos campos de detenção, que tem os activos congelados nos Estados Unidos.

Na semana passada, o Presidente Donald Trump ratificou uma lei aprovada pelo Senado e pelo Congresso, com apoio do Partido Democrata e do Partido Republicano, para monitorizar a violação dos direitos dos uigures. Entre os responsáveis pela lei estão precisamente os senadores Marco Rubio e Ted Cruz que têm denunciado violações dos direitos humanos na província de Xinjiang.  

Para Pequim, as sanções impostas por Washington a figuras do Partido Comunista são “uma séria violação das normas básicas que regem as relações internacionais” e “põem seriamente em causa as relações bilaterais”.