Académicos querem juntar memórias e documentos sobre pandemia em Portugal
Investigadores apelam à participação de toda a gente.
O Instituto de História Contemporânea, ligado à Universidade Nova de Lisboa e à Universidade de Évora, acaba de lançar o site Memória COVID que pretende recolher vários documentos sobre a pandemia em Portugal, apelando, por isso, à participação de toda a gente. Quem quiser, pode enviar contribuições digitais, como fotografias, vídeos, pequenos textos, desenhos, cartazes, entre outros materiais sobre a pandemia.
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O Instituto de História Contemporânea, ligado à Universidade Nova de Lisboa e à Universidade de Évora, acaba de lançar o site Memória COVID que pretende recolher vários documentos sobre a pandemia em Portugal, apelando, por isso, à participação de toda a gente. Quem quiser, pode enviar contribuições digitais, como fotografias, vídeos, pequenos textos, desenhos, cartazes, entre outros materiais sobre a pandemia.
No texto de apresentação do projecto, disponível no site, os investigadores entendem que se está perante um “momento invulgar que atinge directamente toda a população”, sendo, por isso, “urgente e imperativo documentar como se vive esta pandemia, para que a vivência de tão singular evento histórico não caia no esquecimento”.
Apesar de sublinhar que, “na era digital e das redes sociais, o número de fotografias, de vídeos e de documentos sobre a pandemia Covid-19 é relevante”, a equipa deste projecto teme que seja “também maior o risco de se perder toda esta informação num futuro próximo”.
Os objectivos são, por isso, segundo se lê na nota enviada nesta segunda-feira à imprensa, “documentar as vivências da sociedade portuguesa” durante a pandemia, “para memória futura, através de testemunhos que possam dar a conhecer como se vive e quais os efeitos desta pandemia na sociedade portuguesa”.
A ideia é “constituir um arquivo online e, posteriormente, uma colecção de livre acesso” que ajude a mostrar “como a pandemia está a ser vivida em Portugal, nas suas várias dimensões, do espaço privado ao espaço público, da quarentena ao desconfinamento, da doença à cura”. No site deverá ser possível pesquisar as memórias por tipo (fotografias, vídeos, entre outros) ou por regiões do país, através de um mapa.
Os investigadores apelam, por isso, ao envio de “contribuições digitais, como fotografias, cartazes, sons, vídeos, histórias pessoais ou diários que revelem o impacto da pandemia de COVID-19 em Portugal”. Quem quiser participar, só tem de ir a https://bit.ly/memoriacovid. O projecto tem ainda uma página no Facebook – Memória COVID.
Os materiais enviados “podem reflectir mudanças significativas no quotidiano, por exemplo no trabalho, no ensino, nos transportes públicos, no comércio, no espaço urbano, bem como actividades fora do habitual (costurar máscaras, fazer desporto em casa, ocupar as crianças, fazer pão, cancelamento de eventos, entre outras)” e servirão, no futuro, para mostrar como a pandemia “alterou o quotidiano em Portugal e levou à emergência de novos comportamentos”.
O projecto – coordenado por Helena da Silva, historiadora da saúde que estudou os cuidados de saúde durante e após a I Guerra Mundial, e que conta ainda com o apoio técnico do Laboratório de Humanidades Digitais do mesmo instituto – já recebeu alguns contributos, sobretudo de pessoas que enviaram fotografias. Porém, como a divulgação para fora do meio académico só começou a ser feita agora, a equipa espera receber mais nos próximos dias.
Helena da Silva disse ao PÚBLICO que o site ficou disponível na sexta-feira e a ideia é manter-se aberto, enquanto a pandemia durar. Os documentos vão ficando disponíveis online à medida que a equipa o conseguir fazer, o que dependerá também da quantidade de informação recebida. “Talvez no final da próxima semana já consigamos divulgar algumas coisas”, acrescenta, defendendo que, à semelhança do que já acontece noutros países, também em Portugal se deve começar a recolher estes documentos sobre a pandemia.
Quem enviar contributos, dará também consentimento para que os dados e os documentos possam ser usados para futuras investigações. Se se justificar, dependendo do interesse da informação, nota ainda Helena da Silva, os investigadores podem escrever artigos e até se pode pensar em livros, caso exista financiamento, ou exposições virtuais, a partir dos materiais recebidos.