Imunidade à covid-19 pode apenas durar alguns meses, diz estudo britânico
Os valores de anticorpos encontrados em doentes que se curaram da covid-19 decrescem ao longo do tempo após a infecção. Essa queda (ou até a sua ausência) pode indicar que quem já se curou da doença poderá voltar a infectar-se em novos surtos e que as vacinas poderão não garantir protecção durante muito tempo, conclui um estudo da Universidade King’s College, no Reino Unido.
As pessoas que recuperam da covid-19 podem perder a imunidade passados apenas alguns meses, de acordo com um estudo da Universidade King's College de Londres, uma vez que a quantidade de anticorpos no sangue diminui ao longo dos meses. Assim, poderão voltar a ser infectadas ao longo dos anos, como acontece com os coronavírus que causam as constipações, sugere o estudo, cujas conclusões poderão ser fundamentais para o desenvolvimento de uma vacina e para as estratégias de “imunidade de grupo”.
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As pessoas que recuperam da covid-19 podem perder a imunidade passados apenas alguns meses, de acordo com um estudo da Universidade King's College de Londres, uma vez que a quantidade de anticorpos no sangue diminui ao longo dos meses. Assim, poderão voltar a ser infectadas ao longo dos anos, como acontece com os coronavírus que causam as constipações, sugere o estudo, cujas conclusões poderão ser fundamentais para o desenvolvimento de uma vacina e para as estratégias de “imunidade de grupo”.
Os investigadores analisaram a resposta imunitária de mais de 90 doentes e pessoal médico dos hospitais Guy e St Thomas. Este foi o primeiro estudo a monitorizar os níveis de anticorpos em doentes durante três meses depois dos primeiros sintomas da doença. Da amostra, contam-se 65 doentes, entre os quais seis trabalhadores hospitalares, que tiveram um resultado positivo no teste. O estudo contou ainda com os resultados de 31 voluntários que se ofereceram para fazer testes serológicos regulares ao longo de três meses, entre Março e Junho.
Os investigadores encontraram respostas imunitárias ao vírus nos doentes e concluíram que os anticorpos atingiam o seu máximo cerca de três semanas depois de terem começado os sintomas – findo esse período sofriam uma queda abrupta. O estudo ainda não foi revisto por pares, mas os resultados indicam que, entre os doentes que tinham episódios mais graves da doença, os níveis de anticorpos eram superiores e mantinham-se durante mais tempo do que noutros doentes.
Os testes serológicos, feitos com recurso ao método ELISA (ou ensaio de imunoabsorção enzimática) mostraram também que a resposta imunitária de cerca de 60% das pessoas era “potente” durante o pico do combate à doença, mas que, passados três meses, apenas 17% das pessoas mantinha essa resposta. O número de anticorpos (uma das mais importantes respostas do corpo ao vírus) presentes no sangue caía quase 23 vezes – e, em muitos casos, eram indetectáveis.
“As pessoas produzem um número razoável de anticorpos como resposta ao vírus, mas tornam-se mais fracos num curto período de tempo, dependendo da intensidade do pico, que determina por quanto tempo se mantêm os anticorpos”, afirmou Katie Doores, autora principal do estudo, citada pelo The Guardian.
A sua ausência indica que as pessoas que já se curaram da doença poderão voltar a infectar-se em novos surtos e que as vacinas poderão não garantir protecção durante muito tempo. Um pouco como acontece com as constipações, causadas por outros quatro coronavírus: “Uma coisa que sabemos sobre estes coronavírus é que uma pessoa se pode reinfectar de forma mais ou menos recorrente”, disse Stuart Neil, outro autor do estudo – e o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, parece comportar-se da mesma forma.
“As infecções garantem o melhor cenário possível para uma resposta dos anticorpos, por isso se uma infecção dá origem a anticorpos cujos níveis decaem em dois ou três meses, a vacina fará, potencialmente, a mesma coisa”, completa a investigadora Katie Doores. “As pessoas poderão precisar de um reforço e apenas uma vacina poderá não ser suficiente.”
Os resultados dos testes em animais da vacina que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford mostram que os níveis de anticorpos produzidos nos macacos vacinados são inferiores aos produzidos por humanos durante uma infecção. Apesar de os animais estarem protegidos de uma infecção grave, continuam a infectar-se e podem passar a doença, escreve o jornal britânico.