Dar a Ouvir: Coimbra vai falar da crise climática através de paisagens sonoras
De 11 de Julho a 6 de Setembro, a quarta edição do Dar a Ouvir debruça-se sobre a problemática das alterações climáticas e os seus efeitos na transformação das paisagens sonoras em comunidades humanas e não-humanas.
A quarta edição do projecto Dar a Ouvir, que arranca este sábado, 11 de Julho, em Coimbra, debruça-se sobre a problemática das alterações climáticas e os seus efeitos na transformação das paisagens sonoras em comunidades humanas e não humanas. A iniciativa, que todos os anos apresenta instalações e performances em torno de paisagens sonoras, estende-se até 6 de Setembro, com as actividades a concentrarem-se no Convento São Francisco, que, a par do Jazz ao Centro Clube (JACC), organiza este programa cultural.
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A quarta edição do projecto Dar a Ouvir, que arranca este sábado, 11 de Julho, em Coimbra, debruça-se sobre a problemática das alterações climáticas e os seus efeitos na transformação das paisagens sonoras em comunidades humanas e não humanas. A iniciativa, que todos os anos apresenta instalações e performances em torno de paisagens sonoras, estende-se até 6 de Setembro, com as actividades a concentrarem-se no Convento São Francisco, que, a par do Jazz ao Centro Clube (JACC), organiza este programa cultural.
“Dar a Ouvir apela a uma exploração criativa das paisagens sonoras pelas artes. O principal sentido do projecto consiste em abrir novos espaços de reflexão sobre os modos de conhecer e pensar o mundo através da escuta. Na edição de 2020, abordamos os efeitos que a acelerada transformação das paisagens sonoras tem produzido em comunidades humanas e não-humanas”, refere o texto da organização sobre a quarta edição, que dá especial atenção à crise climática global.
Instalações, visitas guiadas, performances e “passeios sonoros” são algumas das propostas apresentadas para esta edição.
Para o programa, a equipa socorreu-se do conceito de “solastalgia”, do filósofo ambiental Glenn Albrecht, que remete para a “sensação de perda, a ansiedade de perda de diversidade” face às alterações dos seus ambientes, que podem ser sonoros, naturais, culturais ou sociais, contou à agência Lusa o director do JACC, José Miguel Pereira.
No Dar a Ouvir, estará presente a instalação DeGelo — Diamante Bruto, de João Bento, em que o artista “trata um elemento fundamental para a vida humana que é a água”, ao mesmo tempo que chama a atenção “para as suas transformações”, salientou o responsável.
Outro trabalho, que será apresentado enquanto performance, será o 97200 Anos, de Luís Antero, Luís Pedro Madeira e Quiné Teles, que trabalharam especificamente os impactos que os incêndios de 2017 tiveram em algumas comunidades do distrito de Coimbra, referiu.
“O Luís Antero tem sido responsável por muitas recolhas sonoras nesta região e a performance parte das recolhas que fez previamente e pós-incêndios e conseguimos ver um contraste. Dá para reparar na ausência de determinados sons”, vincou José Miguel Pereira. O trabalho, acrescentou, para além de ser apresentado neste projecto, deverá ser transformado numa aplicação a ser usada numa visita aos espaços onde houve recolha de sons.
No Convento São Francisco, será ainda possível ver instalações de Mariana Seiça, Pedro Martins e Tiago Martins, membros do departamento de Engenharia Informática, que continuam a trabalhar os sons da cidade, bem como da Sonoscopia, que ocupa duas salas com a sua instalação.
Instalações de Rafael Toral, Cláudia Martinho, Teatro do Frio e Jonathan Saldanha são outras das propostas do programa.
Para além de várias actividades marcadas até 6 de Setembro, é possível visitar as instalações sonoras no Convento São Francisco, de quarta a segunda-feira, entre as 15h e as 20h.