A gestão da Peneda-Gerês conta agora com os municípios

A gestão do Parque Nacional da Peneda-Gerês vai ser partilhada entre o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e as cinco autarquias com território incluído na área classificada. Ministro do Ambiente e autarcas defendem que a “proximidade” da co-gestão vai valorizar o parque.

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Hugo Santos

As câmaras municipais de Melgaço, de Arcos de Valdevez, de Ponte da Barca, de Terras de Bouro e de Montalegre vão ter maior influência na gestão do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) até ao final do ano, depois de terem assinado um memorando de entendimento para a co-gestão da área, na manhã desta sexta-feira.

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As câmaras municipais de Melgaço, de Arcos de Valdevez, de Ponte da Barca, de Terras de Bouro e de Montalegre vão ter maior influência na gestão do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) até ao final do ano, depois de terem assinado um memorando de entendimento para a co-gestão da área, na manhã desta sexta-feira.

Presente na cerimónia, o ministro do Ambiente referiu que a solução de gestão partilhada entre as autarquias e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) vai garantir uma proximidade que não era possível até agora. “Os parques eram geridos muito à distância, a partir de Lisboa (…). A proximidade é um valor fundamental na gestão do território”, realçou José Pedro Matos Fernandes sobre um modelo que, até agora, só tinha sido implementado no Parque Natural do Tejo Internacional.

A Câmara Municipal de Arcos de Valdevez vai ser a primeira a assumir a presidência da presidir à comissão directiva do PNPG. Para o autarca João Esteves, o novo modelo vai permitir aos municípios desenvolverem iniciativas associadas à “promoção turística” da Peneda-Gerês, à “valorização de espaços naturais” através, por exemplo, da eliminação de espécies invasoras, e à “sensibilização da população para o património”, como os fojos do lobo, os espigueiros e as vezeiras. O responsável salientou ainda que a implementação da co-gestão pode ser o “início de um caminho” que espera ver expandido a áreas como o ordenamento do território e a gestão dos recursos da área protegida.

O ministro confessou ainda que os incêndios de 2016, que consumiram cerca de 7700 hectares do PNPG (mais de 10% da área total do parque), influenciaram a alteração do modelo de gestão, na mesma cerimónia em que se formalizou a contratação dos 50 elementos do Corpo Nacional de Agentes Florestais, que estão no terreno desde esses incêndios e que serão repartidos por 10 equipas de vigilância. Matos Fernandes enalteceu a quebra da área ardida na Peneda-Gerês para números na ordem dos 300 hectares, no ano passado, e a criação de “empregos estáveis em territórios de baixa densidade”.

Investimento na melhoria da segurança

As cinco autarquias receberam ainda 550.000 euros do Fundo Ambiental para melhorarem as condições de visitação do PNPG, que recebeu 103.000 pessoas nas portas de entrada, em 2019. Os 100.000 euros que cabem aos Arcos de Valdevez vão servir para melhorar os trilhos da Gavieira e da Peneda, frisou João Esteves. Em Terras de Bouro, os 125.000 euros atribuídos vão ser aplicados em sinalética, gradeamentos e plataformas para aumentar a segurança de quem se desloca a cascatas, como a do Arado ou as de Fecha de Barjas (também conhecidas como Taiti), ou a miradouros, como o da Pedra Bela, esclareceu ao PÚBLICO o presidente da Câmara, Manuel Tibo.

O autarca revelou ainda que o ordenamento da Mata de Albergaria , um dos 11 projectos do programa-piloto para a Peneda-Gerês, está “praticamente concluído”, a propósito da inauguração de um dos caminhos florestais que a cruza, entre Leonte e Portela do Homem, financiado em 533.000 euros.