Advogado de Salgado diz que Hélder Bataglia comprou liberdade contando a mentira que o Ministério Público queria ouvir

Francisco Proença de Carvalho alega que o ex-banqueiro apenas foi acusado por ser quem é e diz que no final “a montanha vai parir um rato”, porque a acusação é assente em suposições e presunções sem consistência.

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LUSA/PAULO CUNHA

A defesa de Ricardo Salgado contesta a acusação da Operação Marquês, alegando que não há factos nem indícios que sustentem a condenação do ex-banqueiro. O advogado Francisco Proença de Carvalho alega que a acusação contra o seu cliente está assente em suposições e presunções sem qualquer consistência.

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A defesa de Ricardo Salgado contesta a acusação da Operação Marquês, alegando que não há factos nem indícios que sustentem a condenação do ex-banqueiro. O advogado Francisco Proença de Carvalho alega que a acusação contra o seu cliente está assente em suposições e presunções sem qualquer consistência.

“Ricardo Salgado foi acusado por ser Ricardo Salgado”, o homem que chegou a representar os outros banqueiros em Portugal, defende o seu advogado. E ataca as testemunhas nas quais, alega, o Ministério Público (MP) se baseia para sustentar essa acusação

Um dos atacados é Hélder Bataglia, também arguido mas sem que lhe tenha sido atribuído o crime de corrupção.

Segundo o advogado de defesa de Ricardo Salgado, Bataglia comprou a sua liberdade contando a mentira que o MP queria ouvir. Proença de Carvalho sublinha que este nunca foi um empregado do ex-banqueiro, mas sim um parceiro de negócios.

Bataglia é considerada uma testemunha-chave porque afirmou ter transferido, em 2008, 12 milhões de euros para Carlos Santos Silva a pedido de Ricardo Salgado. Também a advogada de Carlos Santos Silva, empresário e amigo de José Sócrates e arguido no processo, disse que Hélder Bataglia teria feito um acordo com o MP.

Ricardo Salgado está acusado, na Operação Marquês, de um crime de corrupção activa de titular de cargo político, dois de corrupção activa, nove de branqueamento de capitais, três de abuso de confiança, três de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada.

Este é o último dia do debate instrutório da Operação Marquês e foi destinado aos arguidos que não pediram a abertura de instrução, mas que decidiram apresentar alegações à mesma perante o juiz de instrução Ivo Rosa.

Foi o caso de Ricardo Salgado. O advogado Proença de Carvalho começou por elogiar o juiz Ivo Rosa e criticar as fugas de informação do processo durante as fases de investigação. “Isto não é uma novela, é a vida real”, sublinhou, afirmando que para o MP a justiça é popular.

Para Proença de Carvalho houve uma tentativa de condicionar o julgamento, através da opinião pública.

“O Ministério Público diz que Ricardo Salgado era omnipresente e que mandava e dispunha de tudo. Dono de tudo. Que manda em Portugal. Aceitar isto é aceitar uma justiça popular”, afirmou o advogado, acrescentando que ficou claro, na instrução da Operação Marquês, que o mais provável é a absolvição do seu cliente e que “a montanha vai parir um rato”.

“É claramente mais provável a absolvição do que a condenação de Ricardo Salgado. A contraprova é esmagadora no sentido de que não poder ter havido corrupção, não uma escuta nem um documento que comprove”, sustentou para depois acrescentar: “Ricardo Salgado não corrompeu ninguém, a acusação está morta. Tenho a profunda convicção de que ele vai ser absolvido neste processo”.