Turquia condena quatro membros da Amnistia Internacional a penas de prisão por terrorismo
O antigo director do gabinete turco da organização foi condenado a mais de seis anos de prisão, num processo que se arrasta há três anos e que a justiça turca relaciona com o golpe de Estado de 2016.
Um tribunal turco condenou esta sexta-feira quatro ex-membros da Amnistia Internacional a penas de prisão, acusados de terrorismo, num julgamento muito aguardado. Outros sete acusados foram absolvidos.
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Um tribunal turco condenou esta sexta-feira quatro ex-membros da Amnistia Internacional a penas de prisão, acusados de terrorismo, num julgamento muito aguardado. Outros sete acusados foram absolvidos.
O antigo presidente da delegação turca da Amnistia Internacional, Taner Kiliç, foi condenado a uma pena de seis anos e três meses de prisão, acusado de pertencer a uma organização terrorista. Houve ainda penas de prisão superiores a dois anos para três activistas, segundo o membro da Amnistia Internacional, Andrew Gardner, que esteve a acompanhar o julgamento. A defesa pode ainda recorrer da sentença.
Gardner manifestou “absoluta revolta” com o desfecho do julgamento e disse que os activistas foram condenados por via de “alegações absurdas”.
O Ministério Público turco pedia penas de 15 anos de prisão para os onze réus, num caso que começou com a sua detenção há cerca de três anos. Dez activistas foram detidos num hotel na ilha de Buyukada, perto de Istambul, onde acompanhavam um workshop sobre segurança digital.
Kiliç, que chefiava na altura o escritório turco da Amnistia Internacional, foi detido um mês depois e acusado de dirigir uma organização terrorista. Segundo os procuradores, os activistas planeavam uma insurreição contra o Governo do Presidente, Recep Tayyip Erdogan, com o apoio da rede do imã Fethullah Gulen, considerado o “inimigo número um” do regime turco e suspeito de ter promovido a tentativa de golpe de Estado de Julho de 2016.
Durante o julgamento, diz a Amnistia, “as alegações de que [os activistas] são membros ou apoiavam organizações terroristas feitas contra os 11 réus foram repetida e categoricamente refutadas, incluindo pelas provas apresentadas pelo próprio Estado”.
Tal como muitos outros turcos, Kiliç foi detido e acusado de terrorismo, sob a suspeita de ter no seu telemóvel a aplicação de mensagens instantâneas ByLock, que o Ministério Público turco diz ter sido usada pelos seguidores de Gülen para comunicarem uns com os outros. Análises forenses do seu telemóvel não encontraram no entanto vestígios de que a aplicação tivesse sido instalada.
Na véspera da sentença, um grupo de eurodeputados dizia que o caso “representa uma oportunidade decisiva para clarificar se a Turquia cumpre os seus compromissos internacionais ou se o país se afasta cada vez mais deles”.