Darek queria caminhar até à Noruega, mas a pandemia trocou-lhe as voltas: está a percorrer a Nacional 2
É a segunda grande caminhada do polaco de 34 anos. Mesmo que os seus planos se tenham alterado, continua em frente, até ao fim da N2. Pelo caminho, angaria fundos para um hospital oncológico de Varsóvia
Chama-se Darek Strojewski e é natural de Varsóvia, na Polónia. Tem a sua própria empresa de ensino e tradução, e está sempre pronto para uma aventura. Este ano, o desafio que lançou a si próprio consistia numa verdadeira prova à sua resiliência: sete mil quilómetros do Sul da Europa até à Noruega. No entanto, este jovem polaco de 34 anos, que sempre gostou de caminhar e conhecer novas realidades, não sonhava sequer com as reviravoltas que 2020 reservava.
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Chama-se Darek Strojewski e é natural de Varsóvia, na Polónia. Tem a sua própria empresa de ensino e tradução, e está sempre pronto para uma aventura. Este ano, o desafio que lançou a si próprio consistia numa verdadeira prova à sua resiliência: sete mil quilómetros do Sul da Europa até à Noruega. No entanto, este jovem polaco de 34 anos, que sempre gostou de caminhar e conhecer novas realidades, não sonhava sequer com as reviravoltas que 2020 reservava.
No ano passado, Darek olhou para a sua lista de sonhos e perguntou-se, como tantas vezes nos perguntamos: “Se não agora, quando?”. Enfiou todos os seus pertences em malas (incluindo a sua tenda), fechou a porta de casa e, acompanhado do seu fiel cão Pindol, começou a viagem das vidas deles, como o próprio Darek descreve à Fugas. O plano não era tão ambicioso quanto o de 2020: quatro mil quilómetros a andar, começando em Varsóvia, passando por Santiago de Compostela e finalmente chegando a Lisboa. “Quatro mil quilómetros a andar é possível”, conta Darek.
Ao longo desta sua primeira viagem, Darek foi angariando fundos para doentes de cancro a viver num hospital oncológico em Varsóvia através desta plataforma. Depois de cinco meses nesta caminhada, Darek e Pindol terminaram a sua jornada com sucesso, doando os fundos no valor de 1700 euros, mas o bichinho da viagem continuou a bulir dentro destes dois espíritos aventureiros, que começaram logo a planear uma segunda rota. “Viajar é viciante”, realça.
Darek viajou de avião até Lisboa e foi de carro até Gibraltar, onde começou a sua segunda aventura no dia 10 de Janeiro. Seguiu o caminho para Portugal, onde queria explorar o Norte. Ao chegar a Miranda do Douro, atravessou a fronteira para Espanha, em direcção a Leão – mas foi então que a situação se alterou. A chegada de uma pandemia ameaçava o fecho das fronteiras – assustado, Darek regressou a Portugal e decidiu permanecer. No meio do caos, o jovem ouviu falar da famosa N2, “um verdadeiro desafio”, confessa.
Inicialmente, instalou-se na Beira Baixa, enquanto o país e todo o mundo se lançava em alvoroço. Isolado, o jovem polaco desabafa que passou momentos difíceis apenas na companhia do seu cão. Mas, assim que a situação no país acalmou, Darek voltou à estrada. Nesta sexta-feira, chegou a Aljustrel. Ao longo do percurso, foi partilhando fotografias na sua página de Facebook, que reúne muitos fãs da Estrada Nacional 2.
“Tem sido espectacular conhecer pessoas daqui”, relata. “As pessoas de Portugal não te deixam sozinho, fazem de tudo para arranjar um lugar para pernoitares.” Apesar de Darek dormir na sua tenda, procura montá-la sempre junto de propriedades com jardim para se sentir mais seguro e para ter um espaço para Pindol brincar. O jovem recorda ainda um novo amigo que esperou por ele em Viseu, acabando por partilhar comida e bebida consigo e com o seu cão - um banquete bastante mais apetitoso do que os alimentos que vai comprando em cafés e estações de serviço.
O objectivo, agora, é chegar ao final da estrada, e continuar a angariar fundos para o hospital oncológico (já recolheu 400 euros). Nas palavras de Jack Kerouac, na sua mítica obra Pela Estrada Fora: “Não havia mais lado para ir senão para todo o lado, por isso continua a andar sob as estrelas.”
Texto editado por Sandra Silva Costa