Frasquilho: Processo de reestruturação da TAP “não vai ser isento de dor”
Já foram dispensados mais de 1000 trabalhadores a termo na companhia desde o início da crise pandémica, pela não renovação de contratos.
O presidente do conselho de administração (chairman) da TAP disse hoje que o processo de reestruturação da companhia aérea não se fará sem dor, incluindo com saídas de trabalhadores mas sem quantificar, mas considerou que a companhia não será um Novo Banco.
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O presidente do conselho de administração (chairman) da TAP disse hoje que o processo de reestruturação da companhia aérea não se fará sem dor, incluindo com saídas de trabalhadores mas sem quantificar, mas considerou que a companhia não será um Novo Banco.
“Os despedimentos não são inevitáveis. Agora deixe-me dizer que é um processo [de reestruturação] que não vai ser isento de dor, de sacríficos, mas sacrifícios que já estão aí, desde Abril temos larga parte dos colaboradores em layoff”, disse Miguel Frasquilho em entrevista à Antena 1.
Segundo o chairman da TAP, quanto a trabalhadores a termo, já foram dispensados mais de 1000 desde o início da crise pandémica, pela não renovação de contratos.
Frasquilho acrescentou que os sindicatos estão “muito conscientes” do momento difícil da empresa e dos “sacríficos” que terão de ser feitos, mas disse que tanto saídas de trabalhadores como reduções de frota só serão definidas no plano de reestruturação que será elaborado nos próximos seis meses.
“As perspectivas que temos são de trabalho com colaboradores, com sindicatos, queremos uma TAP viável, ao serviço do país. Nos próximos tempos, será uma TAP onde vai haver sacrifícios, dor, mas que depois possa voltar a crescer e a prestar serviços que orgulhem o país”, afirmou.
Já questionado sobre se a TAP será um Novo Banco, tendo em conta as constantes injecções de dinheiro público naquele banco, o gestor afirmou que não vê razões para isso: “Não vejo por que tenha isso de acontecer”.
Sobre se a injecção de até 1200 milhões de euros é suficiente, considerou que os tempos são incertos, mas que “à data de hoje esse montante parece ser adequado para que a TAP possa viver este período e ultrapassá-lo”.
O Governo anunciou na quinta-feira que chegou a acordo com os accionistas privados da TAP, ficando com 72,5% do capital da companhia aérea, por 55 milhões de euros, com a aquisição da participação (de 22,5%) até agora detida por David Neeleman. O empresário Humberto Pedrosa detém 22,5% e os trabalhadores os restantes 5%.
“De forma a evitar o colapso da empresa, o Governo optou por chegar a acordo por 55 milhões de euros”, referiu o ministro das Finanças, João Leão, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na quinta-feira, em Lisboa.
O executivo esclareceu que a Atlantic Gateway passa a ser controlada por apenas um dos accionistas que compunha o consórcio, designadamente o português Humberto Pedrosa, dono do grupo Barraqueiro.
O dono da companhia aérea Azul, David Neeleman, sai assim da estrutura accionista da TAP.
A Comissão Europeia aprovou em 10 de Junho um “auxílio de emergência português” à companhia aérea TAP, um apoio estatal de até 1200 milhões de euros para responder às “necessidades imediatas de liquidez” com condições predeterminadas para o seu reembolso.
Uma vez que a TAP já estava numa débil situação financeira antes da pandemia de covid-19, a empresa “não é elegível” para receber uma ajuda estatal ao abrigo das regras mais flexíveis de Bruxelas devido ao surto, que são destinadas a “empresas que de outra forma seriam viáveis”.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou na quinta-feira que o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, vai ser substituído “de imediato”, sem revelar quem lhe sucede.
Pedro Nuno Santos anunciou também que o Governo vai contratar uma empresa para procurar no mercado internacional uma equipa de gestão qualificada para a TAP.
O ministro recusou assumir um cenário de despedimentos na TAP no âmbito do processo de reestruturação da companhia aérea. “Inevitabilidades não as assumo. Não faz sentido estar a assumir cenários que decorrerão de um plano de reestruturação”, disse.