Relatório sobre futuro dos museus recomenda mais autonomia e articulação com a ciência
Conclusões do Grupo de Projecto Museus no Futuro irão ser discutidas na segunda-feira numa reunião do Conselho Geral dos Museus.
O reforço da autonomia dos directores de museus e monumentos e a articulação mais estreia com a ciência e a investigação são algumas das recomendações constantes do relatório preliminar do Grupo de Projecto Museus no Futuro.
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O reforço da autonomia dos directores de museus e monumentos e a articulação mais estreia com a ciência e a investigação são algumas das recomendações constantes do relatório preliminar do Grupo de Projecto Museus no Futuro.
Em declarações à agência Lusa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, revelou na sexta-feira que estas são algumas das propostas incluídas no documento que será entregue ao Conselho Geral dos Museus para análise e discussão na segunda-feira, numa reunião marcada para as 15h no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
O Grupo de Projecto Museus no Futuro (GPMF) foi criado em 2019, no âmbito do novo regime jurídico de autonomia de gestão dos museus, e recebeu como missão reflectir e apresentar recomendações para medidas de políticas públicas para curto, médio e longo prazo.
“Este grupo de natureza transversal recolheu informação e diversos contributos, fez uma reflexão ao longo de um ano sobre cinco áreas consideradas essenciais e estratégicas para o futuro dos museus”, palácios e monumentos tutelados pelo Ministério da Cultura, recordou a governante.
Perspectivar um modelo para o futuro dos museus em Portugal é o principal objectivo deste grupo, criado em 2019 por resolução do Conselho de Ministros e composto por representantes de várias áreas governativas: a Cultura, os Negócios Estrangeiros, a Defesa Nacional, a Economia, a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a Educação.
As áreas de reflexão foram cinco: gestão de museus, palácios e monumentos nacionais, redes e parcerias, transformação digital, gestão de colecções e, por fim, públicos e mediação.
De acordo com a ministra da Cultura, a metodologia usada incluiu entrevistas com todos os directores de museus, palácios e monumentos do país, especialistas das várias áreas, bem como contactos com instituições homólogas de outros países para mapeamento de boas práticas, nomeadamente com visitas e diálogos estabelecidos mediante a rede consular.
Com o relatório preliminar em mãos, Graça Fonseca destacou, entre as medidas propostas, de curto, médio e longo prazo, nas cinco áreas de reflexão, “o reforço da autonomia dos directores dos museus, palácios e monumentos”.
“Esta autonomia é fundamental para cada director aprofundar a sua visão de longo prazo, e criar um plano de gestão da respectiva colecção, programação e ligação aos públicos”, salientou a ministra à Lusa, recordando que os concursos internacionais abertos recentemente vão dar a possibilidade de os mandatos serem renovados três vezes (até um máximo de nove anos).
A ministra salientou que o regime jurídico de autonomia de museus, palácios e monumentos “é um primeiro passo de curto e médio prazo para perspectivar os próximos dez anos”, e o relatório agora em fase de conclusão está estreitamente ligado à nova legislação.
Nas recomendações do GPMF, Graça Fonseca destacou ainda a “articulação mais estreita da cultura com a ciência e a investigação”. Nessa área, a ministra observou que o Ministério da Cultura “tem vindo a trabalhar com o Ministério da Ciência e da Tecnologia num projecto a cinco anos para colocação de emprego científico” em museus e monumentos.
No âmbito deste projecto está ainda prevista a abertura de bolsas de doutoramento para museus, palácios e monumentos, para colocação faseada de 100 doutorandos e 25 investigadores, adiantou Graça Fonseca à Lusa.
“O objectivo é conseguir reforçar competências e assegurar a transmissão de conhecimento nas áreas de conservação, inventariação e restauro” dentro dos museus, palácios e monumentos, para evitar a perda dessa riqueza de informação e experiência acumuladas.
Em Setembro deste ano, adiantou Graça Fonseca, irão ser publicados os primeiros avisos deste projecto por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), que tutela museus, palácios e monumentos.
O relatório será apresentado na segunda-feira ao Conselho Geral de Museus, onde têm assento todos os directores, para recolha de contributos, e deverá entrar nesse mesmo dia em consulta pública, até 24 de Julho.
De acordo com a ministra da Cultura, o relatório final deverá estar concluído depois do Verão, e prevê-se que apresentado em Outubro.