Eles queriam construir o mundo com uma canção lo-fi de cada vez
Há 25 anos, a Bee Keeper apresentou-nos o retrato de um (micro) país musical que borbulhava subterraneamente. Uma rede do-it-yourself a inventar um lugar para si e a acolher todos os que se quisessem juntar (desde que ouvissem a música certa). Uma geração sónica perdida que ainda vamos a tempo de recuperar. Regressámos ao rock sónico dos Pinhead Society e ao twee dos Little, ao garage punk dos Gasoleene e dos Damage Fanclub e ao shoegaze de Plasticine e Toast. Reencontrámos a geração perdida do rock português.
Estava bem explicado na capa do vinil, onde robots de brinquedo, que podiam ser vilões em série B sci-fi dos anos 1950, surgiam sobre fundo com padrão de toalha de piquenique. Líamos: Teenagers from Outer Space — o subtítulo concretizava: The DIY Pop Explosion. Estávamos em 1996 e aquilo que fermentara desde o ano anterior em cassetes viajando desde um sótão lisboeta para vários pontos da cidade, e para outras cidades espalhadas pelo país, ganhava ares de manifesto. Compilação que juntava 15 bandas e 15 canções gravadas em regime caseiro — por estética e por necessidade —, funcionava como retrato de um (micro) país musical que borbulhava subterraneamente.