Oposição pede maior debate sobre plano de ciclovias em Lisboa
Número de bicicletas a percorrer a Almirante Reis cresceu depois da ciclovia, mas executivo admite que ainda há pontas soltas por resolver na avenida.
O número de bicicletas que percorrem a Avenida Almirante Reis duplicou desde a criação da ciclovia, disse nesta quinta-feira o vereador da Mobilidade de Lisboa numa reunião em que a oposição pediu documentos e criticou o executivo por ter feito a infra-estrutura sem a debater com moradores e comerciantes.
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O número de bicicletas que percorrem a Avenida Almirante Reis duplicou desde a criação da ciclovia, disse nesta quinta-feira o vereador da Mobilidade de Lisboa numa reunião em que a oposição pediu documentos e criticou o executivo por ter feito a infra-estrutura sem a debater com moradores e comerciantes.
Em resposta ao vereador Jorge Alves, do PCP, que quis saber “que balanço é que faz da abertura desta ciclovia”, o responsável pela Mobilidade, Miguel Gaspar, afirmou que “neste momento já são registadas cerca de 80 bicicletas por hora nesta avenida”, o que significa uma duplicação e um crescimento “mais rápido do que aconteceu na Avenida da República”.
Jorge Alves também perguntou “que planeamento é que foi feito e se foram ouvidas as pessoas”, dúvidas partilhadas pela restante oposição. “Era importante que a câmara tivesse uma discussão relativamente a este plano das ciclovias. Que estudos é que o suportam, que impactos é que isto tem naquelas artérias e na área circundante”, defendeu João Gonçalves Pereira, do CDS, que já tinha dito ao PÚBLICO que existia “um enorme desrespeito pelo órgão camarário” por o plano não ter sido apresentado em detalhe aos vereadores.
João Pedro Costa, do PSD, disse que o maior desrespeito era para quem mora e trabalha na zona. “É importante ter uma ciclovia na Almirante Reis, a questão é que a forma de a fazer não nos parece a mais adequada. Eu não gostaria de ver uma ciclovia a nascer à porta de minha casa sem que antes tivesse sido informado e ter tido a possibilidade de participar”, afirmou. O vereador pediu ao executivo, por “um princípio de construção democrática do espaço público”, que passe a disponibilizar “um flyer com informação sobre o que vai acontecer à sua porta com alguma antecedência em relação à efectiva concretização da obra”.
Miguel Gaspar replicou que “esta ciclovia foi discutida em várias consultas públicas que houve a propósito da ZER”, o plano de trânsito para a Baixa, e que daí resultaram alterações ao inicialmente projectado. “Ela mudou de lado precisamente por causa da consulta pública, porque havia muitas pessoas que sinalizaram que ficavam mais descansadas com o sentido ascendente do que com o descendente por causa do acesso ao hospital”, disse.
O vereador assegurou que “está garantida a circulação de ambulâncias e de veículos de emergência na ciclovia” e “está garantido que o autocarro pode contornar um eléctrico, se se avariar, porque os pinos são dobráveis e consegue entrar na ciclovia”.
O eleito do PSD tinha dito antes que a ciclovia “está ferida de inúmeros problemas técnicos bastante graves” e que apresentaria uma lista “extensa” dos defeitos. Miguel Gaspar reconheceu a necessidade de melhorias em toda a avenida quanto aos semáforos, às cargas e descargas e às paragens de autocarro. “Vamos auscultar de forma próxima os comerciantes sobre este assunto.”
Apesar dos pedidos da oposição, Miguel Gaspar não esclareceu se existiu algum estudo de tráfego prévio à criação daquela e de outras ciclovias. “Se os vereadores entenderem ter uma discussão franca e construtiva sobre a rede ciclável em Lisboa, estou muito disponível para me reunir quando quiserem”, disse apenas. Para João Gonçalves Pereira, “não ficou claro se essas intervenções vão ser alvo de aprovação da câmara ou não”.