Reino Unido pondera afastar Huawei das novas redes 5G devido a sanções dos EUA
Desde 2019 que o governo dos EUA está a tentar convencer os seus aliados, incluindo Portugal, a impedir a chinesa Huawei de fornecer equipamentos de infraestrutura para as redes 5G, com base em receios de espionagem.
O governo do Reino Unido pode não conseguir usar a tecnologia e infra-estrutura da Huawei para as novas redes 5G devido às novas sanções dos EUA à gigante chinesa. A informação foi avançada esta terça-feira por Oliver Dowden, secretário de estado do Digital, Cultura, Media e Desporto.
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O governo do Reino Unido pode não conseguir usar a tecnologia e infra-estrutura da Huawei para as novas redes 5G devido às novas sanções dos EUA à gigante chinesa. A informação foi avançada esta terça-feira por Oliver Dowden, secretário de estado do Digital, Cultura, Media e Desporto.
“Dado as sanções que o governo dos EUA impôs à Huawei, e dado que estas se focam no 5G, precisamos de as compreender completamente”, justificou Dowden durante uma reunião com o subcomité da defesa nacional sobre o tema.
O ministro reconheceu que os EUA estão a influenciar a decisão do Reino Unido. “É um facto de que foram os americanos que impuseram as sanções”, admitiu perante o subcomité. “É um facto que as sanções têm como alvo o 5G e é um facto que visam patentes nos EUA de que a Huawei depende e que isso terá um impacto na fiabilidade da Huawei.”
Desde 2019 que o governo dos EUA está a tentar convencer os seus aliados, incluindo Portugal, a não adquirir equipamentos de infra-estrutura para as redes 5G da Huawei, com base em receios de espionagem. O ano passado, o governo colocou a empresa chinesa numa lista de controlo de exportação (uma espécie de “lista negra”), às quais as empresas americanas não podem fornecer serviços ou produtos. É um dos motivos que leva os novos telemóveis topo de gama da Huawei a chegar ao mercado sem aplicações do Google pré-instaladas.
Mas as regras contêm lacunas suficientes para que alguns negócios continuem. Uma das vias tem sido através da venda de chips norte-americanos (peças essenciais ao funcionamento de telemóveis e computadores) que são fabricados fora dos EUA. Agora, Washington quer remediar a situação com novas regras que impõem que qualquer fabricante que queira vender chips à Huawei, e usa tecnologia ou software norte-americano para criar esses produtos, tenha de pedir uma licença.
Esta terça-feira, a Federal Communications Comission (FCC), responsável por regular as comunicações nos EUA, também designou as empresas de telecomunicação chinesas Huawei e ZTE como ameaças às redes de comunicação dos EUA, alegando laços próximos entre as tecnológicas e o governo chinês. “Com esta decisão, estamos a mandar uma mensagem clara: o governo dos EUA, e a FCC em particular, não pode e não vai permitir que o Partido Comunista Chinês explore vulnerabilidades nas redes de comunicação dos EUA e comprometa a nossa infra-estrutura crítica”, partilhou o presidente da FCC, Ajit Pai, no Twitter.
Perante o acumular da desconfiança dos EUA e as palavras do ministro Oliver Dowden face à Huawei, o presidente do subcomité de defesa do Reino Unido acredita que “irá existir uma mudança significativa da política associada à Huawei no futuro próximo.”
O Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido (NCSC) está actualmente a avaliar o impacto das sanções dos EUA no envolvimento da Huawei nas redes 5G do país. “O que pedimos à NCSC para fazer em termos de análise é perceber a viabilidade dos produtos da Huawei com as sanções”, disse Oliver Dowden, secretário de estado do Digital, Cultura, Media e Desporto.
A Huawei critica as novas regras dos EUA e diz que terão um impacto no funcionamento da indústria global de semicondutores. “Esta nova regra vai afectar a expansão, manutenção e funcionamento de redes no valor de centenas de milhares de milhões de dólares”, lê-se num comunicado da empresa chinesa. “Ao atacar uma empresa líder de outro país, o governo dos EUA virou intencionalmente as costas aos interesses dos clientes e consumidores da Huawei. Isto vai contra a afirmação do governo dos EUA de que [a mudança nas regras] é motivado pela segurança.”
A controvérsia em torno das redes 5G não é, no entanto, o único problema da tecnologia do Reino Unido. O 5G é visto com bastante desconfiança por alguns cidadãos, exacerbada por rumores difundidos nas redes sociais que associam as novas antenas à propagação do novo coronavírus.
Em Abril, o YouTube começou a apagar vídeos com teorias de conspiração que associam a propagação da pandemia da covid-19 às novas redes 5G, depois de a informação falsa motivar pessoas a incendiar torres 5G no Reino Unido.