SNS realizou menos 902 mil consultas e 85 mil cirurgias em Maio
Nos hospitais as regras de segurança mantêm-se apertadas para reduzir risco de infecção, mas já foi possível aumentar o número de doentes operados e de consultas presenciais, embora se mantenha a aposta na telemedicina.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) “realizou menos 902 mil consultas hospitalares, das quais 371 mil era primeiras consultas, e menos 85 mil cirurgias em Maio, comparando com o mesmo período homólogo”, revelou a ministra da Saúde esta quarta-feira na comissão parlamentar de saúde. Já a secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, adiantou que pelo segundo mês consecutivo, a dívida em atraso do SNS é a mais baixa de sempre.
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O Serviço Nacional de Saúde (SNS) “realizou menos 902 mil consultas hospitalares, das quais 371 mil era primeiras consultas, e menos 85 mil cirurgias em Maio, comparando com o mesmo período homólogo”, revelou a ministra da Saúde esta quarta-feira na comissão parlamentar de saúde. Já a secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, adiantou que pelo segundo mês consecutivo, a dívida em atraso do SNS é a mais baixa de sempre.
Marta Temido assegurou que “o SNS tem capacidade de resposta” e lembrou que existe uma verba adicional de 34 milhões de euros, prevista no orçamento suplementar, para aumento de incentivos às equipas com o objectivo de recuperar o número de primeiras consultas e cirurgias em que os tempos máximos de resposta garantidos tenham sido ultrapassados. “Se é certo que devemos ficar preocupados com os números que referi, isso tem de ser lido no contexto de resposta do SNS, que só em termos de consultas hospitalares realizou 12 milhões de consultas só em 2019.”
Já em Abril houve um decréscimo das cirurgias, assim como das consultas nos hospitais e nos centros de saúde, em comparação com o período homólogo. O efeito da suspensão da actividade programada por causa da pandemia foi logo visível em Março, mês em que a actividade decorreu de forma normal apenas nos primeiros 15 dias. Assumindo que o cenário actual “é um esforço pesado” devido aos desafios decorrentes da alteração dos circuitos por causa da covid, a ministra assegurou que que “temos capacidade e não desistiremos em retirar o melhor do SNS e recorrer quando necessário à ajuda complementar, como fizemos com a covid na capacidade laboratorial”.
Já a secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, adiantou que o SNS chegou ao dia 1 de Julho “com a dívida mais baixa de sempre pelo segundo mês consecutivo”. “Tivemos em Abril a dívida mais baixa de sempre, temos agora em Maio a dívida mais baixa de sempre e também os pagamentos em atraso mais baixos de sempre”, afirmou Jamila Madeira. “Se significa isso que temos todos os nossos problemas resolvidos, não é verdade e sabemos isso. Mas é um caminho que tem de se prosseguir”, assumiu, referindo que com este esforço, “o SNS aguentou numa perspectiva médica e financeira essa resiliência que era necessária para superar a pandemia”.
Horários alargados e actividade adicional
No Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central, a recuperação está em marcha “através da revisão das agendas médicas, alteração dos horários, reforço da telessaúde” e retoma da “cirurgia adicional em algumas especialidades” desde o início do mês. Já realizaram 17 mil das cerca de 39.500 consultas desmarcadas e outras 10 mil estão agendadas. Mas “faltaram à consulta mais de 1100 doentes”. Por causa da covid-19, foi necessário “rever todos os horários de consultas e exames, de modo a redistribuir ao longo de todo o dia (8h-20h) a presença de utentes”, quando “antes, mais de metade dos agendamentos, eram realizados até às 15h”. Está em curso “um projecto de visitas virtuais, em que através de tablets e smartphones, os doentes contactam com os familiares”.
No Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte, durante o estado de emergência, foram suspensas cerca de 2000 cirurgias. Em Maio realizaram “cerca de mil cirurgias” e esperam recuperar as restantes até ao final de Julho. Foi preciso “redimensionar espaços assistenciais, zonas de espera, redefinir circuitos de acesso e circulação de colaboradores, reorganizar agendamentos”. Quanto a consultas, fizeram 47 mil em Maio, das quais cerca de 28 mil foram presenciais e 19 mil não presenciais. “Este valor total corresponde a mais de 65% da actividade normal pré-pandemia”, explica a unidade, que salienta que entre os dias 4 e 15 de Maio realizaram cerca de 10 mil consultas presenciais. Em Abril, com o estado de emergência em vigor, fizeram cerca de 35 mil consultas, 13 mil das quais presenciais e 22 mil à distância.
Sem dar números, o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) diz que “as cirurgias convencionais são realizadas em horário normal de funcionamento” e que “fora do horário são realizadas em adicional, permitindo uma maior retoma e recuperação das listas de espera.”
A Centro e a Norte
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra realizou num mês – entre 18 de Maio e 15 de Junho – 1270 cirurgias programadas, dando uma média por dia útil de 67. No total, foram tantas operações quanto as que realizaram entre 16 de Março e 17 de Maio: 1269 operações, com uma média por dia útil de 31. Houve um acréscimo da cirurgia de ambulatório, que não obriga a internamento, que teve “reforço da capacidade de resposta”. Está a ser planeado um programa de incentivos, a ser colocado em prática agora que o ano lectivo (muitos profissionais estavam a dar apoio aos filhos em idade escolar) terminou. Entre 18 de Maio e 15 de Junho realizaram 50.201 consultas, das quais perto de 11 mil foram primeiras consultas.
No Centro Hospitalar e Universitário do Porto, “no último trimestre foram atendidos menos 20% de cidadãos em consulta externa e foram operados menos 63% de doentes, relativamente ao período homólogo de 2019”. As consultas decorreram maioritariamente em modalidade não presencial. “Nesta fase 60% das consultas são presenciais e 40% por telefonema ou videochamada”, diz a unidade. A produção cirúrgica de base “está a 86% convencional e a 81% ambulatório em comparação com a semana homóloga de 2019”. A capacidade do horário normal ainda não foi esgotada e a produção adicional (extra-horário) começou pela cirurgia de ambulatório, a 29 de Junho.
O Hospital de Braga também aumentou o número de consultas presenciais, “com alargamento de horário”. A retoma das cirurgias e meios complementares de diagnóstico e terapêutica “teve, também, em conta a prioridade clínica e o tempo de espera”. No período de 1 de Maio a 12 de Junho já foram realizadas 51.359 consultas e 2228 cirurgias. De “forma pontual”, em neurocirurgia, cirurgia plástica, ortopedia, oftalmologia e cirurgia vascular, há “produção adicional depois das 20h e aos fins-de-semana”. A imagiologia também tem serviço aos fins-de-semana.
Em todos os hospitais, a suspensão das visitas – com excepções por razões médicas ou humanitárias ou a grávidas e a crianças – e a realização de testes a todos os doentes internados para cirurgia ou antes da realização de exames são uma obrigatoriedade a cumprir, assim como os circuitos separados entre covid e não covid.