Empresas do interior exigem acesso a ajudas anunciadas há um mês
As associações do Pinhal Interior defendem que, na actual conjuntura, “o Governo deveria ser um elemento de estabilidade e segurança, definindo datas e processos para que as empresas possam saber com o que contar”.
As ajudas do programa Adaptar 2.0 ainda não estão disponíveis um mês após a sua divulgação, segundo quatro associações empresariais do interior do distrito de Coimbra.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As ajudas do programa Adaptar 2.0 ainda não estão disponíveis um mês após a sua divulgação, segundo quatro associações empresariais do interior do distrito de Coimbra.
“Torna-se imperativo a abertura do programa Adaptar 2.0, conforme anunciado pelo Governo a 04 de Junho de 2020, com a máxima rapidez e com valores compatíveis com as necessidades das microempresas”, afirmam as organizações em comunicado.
Subscrevem a nota, enviada à agência Lusa, as seguintes entidades: Associação Empresarial Serra da Lousã (AESL), Associação Empresarial de Poiares (AEDP), Clube de Empresários de Miranda do Corvo (CEMC) e Núcleo Empresarial de Penela (NEP).
“Pior que não fazer nada é anunciar que vão ser lançadas novas medidas de apoio às empresas e nada acontece passado quase um mês”, refere o presidente da AESL, Carlos Alves, citado na nota.
Também o presidente da AEDP, Paulo Carvalho, entende que “o Governo, quando anuncia apoios, tem de imediatamente definir datas para que as empresas não vivam nesta indefinição”.
No dia 04 de Junho, o Governo divulgou o Adaptar 2.0, para “adaptação e modernização de estabelecimentos comerciais, financiando investimentos na adaptação” ao contexto da pandemia da covid-19, designadamente “em frentes de loja e áreas de acesso ao público”, entre outras ajudas.
“As empresas continuam a fazer um esforço tremendo para sobreviverem (...) e continuarem a adaptar os seus negócios e estabelecimentos às novas normas que estão obrigadas a cumprir para garantir a segurança e a saúde pública, sempre na expectativa do apoio (...) que tarda em chegar”, segundo as associações.
Hugo Serra, presidente do CEMC, realça “a importância acrescida destes apoios”, ao garantirem “um rendimento que serve também para não agravar o desemprego”.
“Não nos iludamos: se não existir apoio para estas empresas, grande parte irá encerrar”, acentua.
As associações do Pinhal Interior defendem que, na actual conjuntura, “o Governo deveria ser um elemento de estabilidade e segurança, definindo datas e processos para que as empresas possam saber com o que contar”.
“O que se verifica são estas condutas, que criam uma enorme intranquilidade, e mais de 90% das empresas que já se encontram numa situação de enorme fragilidade desesperam com esta demora despropositada”, criticam.
As associações recordam que, em Maio, abriu o programa Adaptar Micro, que 10 dias depois encerrou “devido à reduzida verba disponível, de apenas 50 milhões de euros, um valor extremamente insuficiente para as reais necessidades”.
“De tal forma que apenas cerca de 16 mil (cerca de 1,3% das microempresas a nível nacional) conseguiram aceder a este programa, número que, a título de exemplo, não ultrapassa a totalidade de empresas da região de Coimbra”, sublinham.
Na opinião do presidente do NEP, Alfredo Simões, “decretar uma medida com valores tão irrisórios - e para os que se candidatarem primeiro - revela falta de conhecimento da realidade”.
Na nota, as organizações enfatizam que “são dezenas de milhares as microempresas que por todo o país estavam a preparar as suas candidaturas e que rapidamente se depararam” com o fim do Adaptar Micro, esperando agora pelo Adaptar 2.0, “ainda sem data à vista”.