Porsche é a única marca de carros que cresceu na crise em Portugal
Marca de Estugarda vendeu mais 24,3% em Portugal desde Janeiro, num mercado que caiu 54% em Junho e 48,2% no primeiro semestre.
O mercado automóvel português reanimou em Junho, mas sem surpresa continua em derrapagem face a 2019. Porém, há uma excepção chamada Porsche, cujas vendas cresceram 24,3% desde Janeiro, quando o mercado total caiu 48,2% no primeiro semestre.
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O mercado automóvel português reanimou em Junho, mas sem surpresa continua em derrapagem face a 2019. Porém, há uma excepção chamada Porsche, cujas vendas cresceram 24,3% desde Janeiro, quando o mercado total caiu 48,2% no primeiro semestre.
A marca de Estugarda é a única presente no mercado português que não se pode queixar da crise. No primeiro semestre de 2019, foram vendidos 296 carros da marca Porsche, quando no primeiro semestre de 2020 foram comercializados 368.
É a única marca com vendas a crescer, apesar do confinamento entre Março e Maio, apesar do choque da procura e apesar do regresso lento ao consumo por parte dos particulares e de um certo travão no investimento por parte de empresas.
Peugeot à frente, por pouco
Na análise por marcas, há outro dado a realçar: a Peugeot (9650 unidades vendidas) tirou a liderança nacional à Renault (9641 carros vendidos). É uma diferença muito curta, de apenas nove veículos, com vantagem para a marca gerida pelo português Carlos Tavares. Mas num mercado tradicionalmente dominado pela Renault, e cujos números de Junho reflectem como se esperava a crise comercial e de produção que o sector atravessa, é uma alteração que merece referência.
Todas as restantes marcas registam quebras nas vendas acumuladas do primeiro semestre, com a excepção da já citada Porsche, mas também com a da Lamborghini, que estagnou, tendo vendido desde Janeiro o mesmo número de carros (dez) que tinha comercializado no primeiro semestre de 2019.
Em termos agregados, o segmento dos ligeiros registou uma recuperação em Junho, mês em que se venderam 11.076 carros, praticamente o dobro dos 5741 que tinham sido vendidos em Maio. Apesar de ter reconquistado fôlego, a comparação homóloga evidencia os problemas que muitas marcas estão a enfrentar: face a Junho de 2019, o mercado de ligeiros de passageiros caiu 56,2%.
Nos restantes mercados, em Junho foram matriculados 2347 ligeiros de mercadorias (-36% face a Junho de 2019) e 255 pesados (menos 67% em termos homólogos).
Contas feitas, o mercado nacional agregado regista um recuo de 54% em Junho face ao mesmo mês de 2019, apesar de os stands terem sido dos primeiros negócios a abrir no período pós-estado de emergência. Em termos comparativos, a quebra do mercado português em Maio, de 71,6%, tinha sido a segundo pior de toda a Europa, de acordo com os dados oficiais da indústria.
São más notícias para um sector que hoje soube que o grupo germânico Volkswagen congelou o projecto de uma nova fábrica na Turquia, devido à crise. Era um investimento de 1300 milhões de euros, para a fabricação de 300 mil carros por ano. O grupo tem uma fábrica em Portugal, a Autoeuropa, em Palmela, que chegou em Junho à marca de cinco milhões de viaturas produzidas.