Vítimas de Harvey Weinstein vão receber quase 19 milhões de dólares
O acordo judicial pretende compensar um grupo de mulheres que foram alvo de assédio e agressões sexuais enquanto trabalhavam para o ex-produtor de cinema.
Um grupo de mulheres que foram alvo de assédio e agressões sexuais enquanto trabalhavam para Harvey Weinstein irá receber uma compensação de quase 19 milhões de dólares, informou esta terça-feira a Procuradoria-geral de Nova Iorque.
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Um grupo de mulheres que foram alvo de assédio e agressões sexuais enquanto trabalhavam para Harvey Weinstein irá receber uma compensação de quase 19 milhões de dólares, informou esta terça-feira a Procuradoria-geral de Nova Iorque.
Esta proposta de acordo pode selar o desfecho de duas acções judiciais. Uma interposta pela própria Procuradoria-geral de Nova Iorque em Fevereiro de 2018 contra Harvey Weinstein, o seu irmão Bob Weinstein e a The Weinstein Company – a produtora do magnata – e outra interposta em Novembro de 2017 por um grupo de mulheres que terão sido vítimas do ex-produtor.
O pagamento está agora dependente da aprovação de várias instâncias judiciais. Recorde-se que o ex-produtor de cinema está actualmente a cumprir uma pena de 23 anos de prisão, tendo sido considerado culpado de acto sexual criminoso em primeiro grau e de violação em terceiro grau.
O processo estabelece que Weinstein “pediu ou forçou funcionárias mulheres a estabelecerem contactos sexuais não desejados para manterem os seus empregos ou avançarem nas suas carreiras”.
“Harvey Weinstein e a The Weinstein Company falharam com as suas funcionárias. Depois de assédios, ameaças, discriminações e discriminação de género, estas sobreviventes terão finalmente algum tipo de justiça”, prometeu a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, em comunicado.
“Durante mais de dois anos, a Procuradoria lutou incansavelmente na busca de justiça para mulheres cujas vidas foram prejudicadas por Harvey Weinstein. Este acordo é uma vitória para todas essas mulheres que sofreram assédio sexual, discriminação, intimidação e represálias por parte do seu empregador. Agradeço a coragem destas mulheres que se expuseram para partilhar as suas histórias. Levarei as suas histórias no meu coração e nunca deixarei de lutar pelo direito a trabalhar sem qualquer assédio”, pode ler-se ainda no comunicado.
O advogado de algumas das vítimas de Weinstein, mostrou-se, no entanto, crítico da proposta de acordo. Para Douglas Wigdor – que tem entre as suas clientes Tarale Wulff, uma empregada de bar que afirmou no julgamento de Weinstein ter sido violada, em 2005, no apartamento de Nova Iorque do ex-produtor –, a solução encontrada pela Procuradoria-geral representa “uma completa traição”, uma vez que permite ao culpado “não assumir as responsabilidades pelas suas acções” e não efectuará o pagamento com o seu dinheiro. O advogado argumenta ainda que a proposta impede as vítimas que não desejam aceitar o acordo de procurar outras vias de compensação e que, portanto, vai contestar a proposta no tribunal.
A batalha judicial de Weinstein não terminará aqui. O ex-produtor tem ainda de enfrentar várias acusações em Los Angeles, entre as quais se incluem a de prática de crimes como violação e agressão sexual. Desde o inicio do movimento #MeToo, o até então todo-poderoso barão da indústria, actualmente com 68 anos, foi acusado de comportamento sexual agressivo por quase 90 mulheres.