Café A Brasileira do Chiado pertence agora ao grupo do Mundo da Sardinha e do pastel de bacalhau com queijo da serra
Café é agora gerido pelo grupo que detém já 34 espaços pelo país, entre eles a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau e as conservas Comur, onde se inserem as lojas de O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa e a Fábrica das Enguias. Para “voltar a dignificar A Brasileira com a sua índole histórica e cultural”, na quinta-feira inicia-se também um ciclo de debates sobre o futuro de Lisboa no pós-covid.
O histórico café A Brasileira do Chiado integra desde Março o grupo que tem em Lisboa outros estabelecimentos como a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, na Rua Augusta, onde são servidos estes pastéis recheados com queijo da serra.
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O histórico café A Brasileira do Chiado integra desde Março o grupo que tem em Lisboa outros estabelecimentos como a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, na Rua Augusta, onde são servidos estes pastéis recheados com queijo da serra.
Segundo explicou ao PÚBLICO a directora de marketing do grupo O Valor do Tempo, Sónia Felgueiras, este detém participação maioritária e está a gerir “integralmente” o café, que estava há décadas na família de Jaime Silva.
Esta casa centenária, fundada por Adriano Teles, emigrante português regressado do Brasil, em 1905, começou por ser um local de comércio de cafés importados do outro lado do Atlântico. Se, nos primeiros anos, se dedicou apenas à venda a retalho, em 1908, inaugura a sala de café, que se tornou “num dos mais importantes centros culturais da cidade”.
O edifício onde se encontra A Brasileira, assim como o próprio café e o troço de calçada portuguesa fronteiro à sua porta, está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1997, “devido ao programa arquitectónico exterior”, da autoria do arquitecto Norte Júnior, e ao “importante lugar simbólico que o espaço ocupa na história cultural e social da cidade de Lisboa”, lê-se no site da Direcção-Geral do Património Cultural. O café está também reconhecido como Loja com História, desde 2017, pelo programa da Câmara de Lisboa com o mesmo nome, que visa a protecção e preservação de estabelecimentos históricos.
Para a directora de marketing, a integração deste centenário café no lote de negócios do grupo O Valor do Tempo fez todo o sentido, tendo em conta que este detém já 34 espaços no país, através de nove marcas insígnia: Museu do Pão, Museu da Cerveja, Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, Silva e Feijóo, Casa Pereira da Conceição, Confeitaria Peixinho, as conservas Comur (na qual se inserem as submarcas O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa e a Fábrica das Enguias) e o CBR Boutique Hotel.
“O denominador comum dos nossos negócios é mesmo a valorização do que Portugal tem de melhor”, diz Sónia Felgueiras. Entendendo este café como uma “pérola portuguesa”, o grupo quer “voltar a dignificar A Brasileira com a sua índole histórica e cultural com um ciclo de seis eventos”.
Com esta mudança e pelo facto de 2020 ser o ano em que se comemora o 132.º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa, o grupo vai colocar em exposição os óculos do escritor, que fazem parte do espólio do Museu do Pão — uma das marcas do grupo — fazendo um “elo de ligação” com a estátua do escritor, da autoria do escultor Lagoa Henriques, que se encontra à entrada.
Na próxima quinta-feira, arrancarão também uma série de seis debates sob o mote “Lisboa de Volta” e o futuro da cidade no pós-pandemia, que terão a curadoria da jornalista Catarina Carvalho.
No primeiro debate, quinta às 18h, estará presente o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. Face ao actual contexto de pandemia e à reduzida lotação do espaço, quem quiser assistir poderá fazê-lo em directo através do canal sapo.pt e da página de Facebook da Brasileira.
Os debates serão sempre à quinta-feira e seguirão temas pensados a partir da palavra Lisboa: L de Lisboa, I de inovação, S de saúde, B de bicicletas, O de Olissipo e A de artes. Contarão com convidados como o Alcaide de Pontevedra Miguel Anxo Lores, o historiador Rui Tavares e o imunologista Henrique Veiga Fernandes.
Caso haja alteração nas recomendações que tem sido emitidas pelas autoridades de saúde, o estabelecimento admite passar a ter público, “reavivando a tradição das tertúlias de café” de um tempo onde ali se reuniam nomes maiores das artes e da literatura portuguesa, como Almada Negreiros, Santa-Rita Pintor, Mário de Sá Carneiro ou Fernando Pessoa.