Morreu Carl Reiner, argumentista, realizador, actor e lenda da comédia

O veterano actor, argumentista e realizador, criador de The Dick Van Dyke Show e realizador de vários filmes, de O Tonto a Cliente Morto Não Paga a Conta, morreu aos 98 anos.

Foto
Carl Reiner, que morreu esta segunda-feira aos 98 anos, ao lado de Mel Brooks, com quem manteve uma amizade de sete décadas, além de uma duradoura parceria cómica Reuters/GUS RUELAS

Carl Reiner, lenda da comédia, com uma carreira iniciada nos anos 1940, morreu de causas naturais esta segunda-feira à noite, aos 98 anos, em Beverly Hills. A revista Variety confirmou a notícia. Dono de uma vasta e prolífica obra, Reiner era actor, argumentista, realizador e produtor, tendo criado a sitcom The Dick Van Dyke Show, em parte baseada na sua própria vida, e realizado vários filmes. Mais recentemente, fez parte da saga Ocean's 11, de Steven Soderbergh, e emprestou a voz à personagem Carl Reinocerous em Toy Story 4.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Carl Reiner, lenda da comédia, com uma carreira iniciada nos anos 1940, morreu de causas naturais esta segunda-feira à noite, aos 98 anos, em Beverly Hills. A revista Variety confirmou a notícia. Dono de uma vasta e prolífica obra, Reiner era actor, argumentista, realizador e produtor, tendo criado a sitcom The Dick Van Dyke Show, em parte baseada na sua própria vida, e realizado vários filmes. Mais recentemente, fez parte da saga Ocean's 11, de Steven Soderbergh, e emprestou a voz à personagem Carl Reinocerous em Toy Story 4.

Nascido em 1922 no Bronx, Nova Iorque, Reiner era, tal como o seu parceiro cómico Mel Brooks, veterano da II Guerra Mundial. Tentou começar como actor sério, a fazer Shakespeare nos palcos, mas cedo se virou para a comédia. Colaborou, nos anos 1950, com Sid Caesar, tendo sido actor e argumentista dos programas de comédia e variedades Caesar's Hour and Your Show of Shows, que lhe valeu dois Emmy.

Foi através de Caesar que conheceu Mel Brooks, que escrevia para o cómico. Os dois fizeram, ao longo de várias décadas, uma rotina cómica chamada The 2000 Year Man, em que Reiner, mais sério, entrevistava o esgrouviado Brooks, no papel de um homem milenar, sobre a sua vida e a visão da história. Durou várias décadas, passando pela televisão e por vários discos. The 2000 Year Man in the Year 2000 valeu a ambos um Grammy em 1998. Ao longo de 70 anos, os dois cómicos nonagenários mantinham uma estreita ligação e amizade, indo Brooks todas as noites a casa de Reiner comer, falar e ver televisão. Mel Brooks foi uma das pessoas que homenagearam Reiner no ano 2000, quando este se tornou a terceira pessoa, a seguir a Richard Pryor e Jonathan Winters, a quem foi dado o prémio Mark Twain Prize for American Humor.

No início dos anos 1960, gravou um piloto para uma sitcom familiar onde ele próprio fazia de argumentista de comédia. Não resultou. O papel principal foi alterado para ir para Dick Van Dyke, e nascia a influente e popular sitcom The Dick Van Dyke Show, que durou cinco temporadas entre 1961 e 1966 e ganhou 15 prémios Emmy, tendo ajudado a lançar a carreira de Mary Tyler Moore. No final dessa década, Reiner estreou-se na realização com Enter Laughing, de 1967, baseado na sua própria autobiografia, lançada em 1958, que já tinha dado uma peça da Broadway.

Dupla com Steve Martin

No cinema, teve uma carreira variada, mesmo não fugindo da comédia que o caracterizou. Fez filmes como The Comic, com Dick Van Dyke, em 1969, Where's Poppa, com George Segal, em 1970, e Oh, God!, com George Burns, em 1977. Dois anos depois, iniciaria uma proveitosa parceria com Steve Martin ao realizar O Tonto, filme de 1979 também com Bernadette Peters. Viria a juntar-se a Martin para três outros filmes: Cliente Morto Não Paga a Conta, uma homenagem e paródia, feita de excertos de vários filmes, aos noirs de detectives dos anos 1940, O Homem dos Dois Cérebros, uma paródia de ficção científica, e Almas do Outro Mundo, um filme de fantasia também com Lily Tomlin em que os dois actores cómicos fazem de duas almas presas no mesmo corpo. Reiner co-escreveu os dois primeiros, com Martin e George Gipe. Em 1989, realizou um musical, Bert Rigby, You're a Fool. O seu último filme, datado de 1997, chamou-se Unidos pelo Divórcio, e era com Bette Midler e Dennis Farina.

Reiner foi casado durante 65 anos com a também actriz Estelle Reiner, que morreu em 2008. Eram pais de Rob, que, como o pai, é actor, argumentista, realizador e produtor, além de Lucas e Annie. Ainda este domingo, dia em que Mel Brooks fez 94 anos, Reiner escreveu no Twitter, onde ainda era bastante activo: “Nada me dá mais prazer do que saber que vivi a melhor vida possível por ter conhecido e casado com a dotada Estelle (Stella) Lebost — que emparceirou comigo ao trazer Rob, Annie e Lucas Reiner a este mundo carente e em evolução.” Ainda na noite de segunda-feira, pouco antes de morrer, fez tweets negativos sobre Donald Trump e positivos sobre Noël Coward.