Lage pediu para não ser o problema e Vieira aceitou

Treinador setubalense deixou o Benfica após a derrota na Madeira, depois de um ciclo de 13 jogos em que só venceu dois. Solução até final da temporada deverá ser interna.

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LUSA/GREGÓRIO CUNHA/POOL

Bruno Lage ficará na história do Benfica como o homem que conduziu os “encarnados” à conquista do 37.º título da sua história, um herói improvável que pegou numa equipa partida e a recondicionou para um futebol vistoso e ganhador. Tão vertiginosa como a ascensão foi a sua queda e, depois da derrota “encarnada” nos Barreiros, Lage decidiu, ele próprio, deixar de ser o problema. Colocou o seu destino nas mãos de Luís Filipe Vieira e o presidente das “águias” aceitou a demissão do treinador com quem tinha estendido o contrato até 2024.

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Bruno Lage ficará na história do Benfica como o homem que conduziu os “encarnados” à conquista do 37.º título da sua história, um herói improvável que pegou numa equipa partida e a recondicionou para um futebol vistoso e ganhador. Tão vertiginosa como a ascensão foi a sua queda e, depois da derrota “encarnada” nos Barreiros, Lage decidiu, ele próprio, deixar de ser o problema. Colocou o seu destino nas mãos de Luís Filipe Vieira e o presidente das “águias” aceitou a demissão do treinador com quem tinha estendido o contrato até 2024.

Lage já não será o treinador para as últimas cinco jornadas (e final da Taça de Portugal), Renato Paiva, técnico da equipa B, deverá ser o interino para o que resta da época 2019-20, enquanto a estrutura benfiquista procura novo comandante para o seu futebol. A lista de nomes já vai longa, falando-se de Mauricio Pochettino, de Jorge Jesus, de Marco Silva, de Leonardo Jardim, entre outros.

Lage tinha entrado como interino depois da demissão de Rui Vitória e foi ganhando até ser campeão no final da época passada. Passou a definitivo, ganhou um contrato de longa duração (e cláusula de rescisão de 20 milhões de euros) e a verdade é que continuou a ganhar. A meio da época, já tinha uma Supertaça e levava 16 vitórias no final da primeira volta, o que, de certa forma, ajudava a mitigar o fracasso da Liga dos Campeões. Mas a derrota no Dragão, à 20.ª jornada, no início de Fevereiro, foi como um balão que se esvaziou. E as vitórias começaram a rarear. Depois desse desaire, o Benfica só ganhou por duas vezes, por 0-1 em Barcelos, no final de Fevereiro, e por 1-2, em Vila do Conde, no pós-confinamento, a meio de Junho e frente a um Rio Ave reduzido a nove.

Contas feitas, o Benfica apenas ganhou dois jogos nos últimos 13, com duas vitórias, seis empates e cinco derrotas. Desde que o futebol português desconfinou, os “encarnados” apenas conquistaram cinco pontos em 15 possíveis e ficaram praticamente fora da luta pelo título, sendo que ainda terão de defrontar equipas como V. Guimarães, Famalicão ou Sporting, para além da final da Taça, frente ao FC Porto.

Tal como acontecera na época anterior com Rui Vitória, Luís Filipe Vieira ainda resistiu a abdicar do treinador durante a série negra de resultados do Benfica, mas a derrota com o Marítimo não lhe deu alternativa. Pouco depois de ter acontecido, Vieira foi à sala de imprensa dos Barreiros para dizer que Lage tinha colocado o lugar à disposição. Não disse logo se tinha aceitado a demissão do técnico, porque saiu de cena sem responder a perguntas, mas a saída de Bruno Lage já estava decidida. 

“Após o jogo, o nosso treinador veio ter comigo e disse: ‘Tenho o meu lugar à sua disposição. Não quer dizer que eu não tenha qualidade ou capacidade para dar a volta, mas neste momento não há condições. Toda a gente parece que quer que eu me vá embora. Por isso, a partir de amanhã, não serei treinador do Benfica’”, disse o presidente dos “encarnados”, no Funchal. Antes, Luís Filipe Vieira aludiu a uma decisão de eventual saída que ainda iria tomar nas próximas horas: “Nunca verguei a nada. Espero quando chegar a Lisboa tomar uma decisão sem vergar a nada. Vou tomar uma decisão, mas primeiro quero falar com a minha família.”

No início de uma declaração sem direito a perguntas, Vieira assumiu as culpas pelo mau momento desportivo do Benfica. “Tudo fizemos para sermos felizes este ano. Não o fomos. Há algo que tem de ser dito e não vale a pena estarmos a escondê-lo, o único culpado sou eu, que sou presidente. Só chegámos aqui porque tivemos estabilidade, para conquistar um ‘bi’ estivemos 31 anos, para conquistar um ‘tri’ estivemos 39 anos e para conquistar um ‘tetra’, nunca. Isto só se faz com amor, paixão, profissionalismo e determinação”, vincou.

Bruno Lage nem sequer falou na sala de imprensa após a derrota. Foi directamente para o autocarro do Benfica, ladeado por Vieira e Rui Costa, embarcando pouco depois para o avião que transportaria a comitiva benfiquista para Lisboa. As únicas declarações do treinador após a derrota aconteceram antes de Vieira anunciar o pedido de demissão, na flash interview à Sport TV, e Lage “fugiu” ao microfone antes das perguntas sobre o seu futuro no banco dos “encarnados”.

“Tivemos uma entrada muito boa, podíamos ter chegado ao intervalo a ganhar por dois ou por três. O Marítimo em dois grandes contra-ataques faz dois golos. Apanhou-nos um pouco desequilibrados. Fomos penalizados pelas oportunidades que não marcámos. Assumo a total responsabilidade do que tem sido feito. Os jogadores estão comigo, estamos todos no mesmo barco. Sinto o apoio de toda a gente e toda a gente quer que eu tenha sucesso no clube.”