Trump nega ter sabido de “prémios” russos pagos a afegãos por matarem militares dos EUA

Discussão sobre como responder a revelação dos serviços secretos dos EUA ocupa há meses a Administração, diz o New York Times, que deu a notícia.

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LUSA/Chris Kleponis / POOL

O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse não ter recebido qualquer informação sobre uma operação de uma unidade de espionagem russa no Afeganistão que, segundo o New York Times, ofereceu dinheiro de recompensa a grupos ligados aos taliban por ataques que levassem a mortes de militares da coligação internacional, incluindo soldados americanos.

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O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse não ter recebido qualquer informação sobre uma operação de uma unidade de espionagem russa no Afeganistão que, segundo o New York Times, ofereceu dinheiro de recompensa a grupos ligados aos taliban por ataques que levassem a mortes de militares da coligação internacional, incluindo soldados americanos.

New York Times avançou a notícia de que os serviços secretos americanos concluíram que uma unidade de espionagem militar russa oferecia dinheiro a esses grupos se nos seus ataques morressem soldados estrangeiros. A ser confirmada, uma operação deste género seria uma escalada em relação ao que responsáveis americanos e afegãos classificaram no passado de apoio russo aos taliban, que inclui por exemplo o fornecimento de algum armamento (o que a Rússia nega).

Seria ainda a primeira vez que surgia informação de uma unidade russa com a missão de desestabilização a orquestrar ataques contra tropas da NATO. Finalmente, qualquer acção russa que levasse à morte de soldados americanos seria uma enorme escalada da chamada “guerra híbrida” contra os EUA, que inclui uma combinação de várias tácticas, de ciberataques a disseminação de notícias falsas para desestabilizar os adversários. 

Há indicações de que algum dinheiro da recompensa foi entregue. Em 2019 morreram 20 americanos em combate no Afeganistão, mas não é claro quais destas mortes estão sob suspeita de estarem relacionadas com as recompensas russas.

A notícia do New York Times diz que a informação foi passada ao Presidente, Donald Trump, e que o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca discutiu o problema no final de Março.

As secretas apresentaram uma série de opções aos políticos, começando com uma queixa diplomática a Moscovo e uma exigência de que esta acção terminasse, até uma serie de outras medidas, incluindo sanções. A Casa Branca não autorizou nenhum destes passos, diz o jornal.

O Presidente Trump diz que não soube de nada. “Ninguém me informou ou me disse nada, nem a [Mike] Pence, nem ao chefe de gabinete Mark Meadows, sobre os chamados ataques às nossas tropas no Afeganistão por russos”, disse Trump no Twitter. “Toda a gente está a negar isso e não tem havido muitos ataques contra nós...”

A speaker da câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse que a negação de Trump era a mais recente prova de que o Presidente quer ignorar qualquer alegação contra a Rússia e agradar ao seu Presidente, Vladimir Putin, enumerando ainda “presentes” do Presidente, desde diminuir a liderança americana na NATO, reduzir as forças americanas na Alemanha e convidar a Rússia de volta ao G8.

Pelosi disse que a negação de Trump mostra “que há algo muito errado”: “Pensar-se-ia que mal ouvisse falar disto, ele quisesse ter mais informação, em vez de negar que tivesse sabido de alguma coisa”, disse à ABC.

Também Joe Biden, que se prepara para disputar as eleições de Novembro com Trump, acusou o Presidente de trair os militares norte-americanos. “A sua presidência inteira tem sido um presente a Putin, mas isto é ainda mais inacreditável”, declarou. “É uma traição do dever mais sagrado que temos como nação: proteger e dar meios às nossas tropas quando os mandamos para situações perigosas.”