Eurovisão, fake news, corpos negros e ameaça da extrema direita: o Teatro Nacional 20-21
A nova temporada do D. Maria II visitará textos clássicos, mas não deixará de se sintonizar com a actualidade. De Tónan Quito e Tiago Rodrigues, a Frank Castorf e David Geselson.
Redesenhada para acomodar as duas dezenas de espectáculos que foram reagendadas devido ao fecho das salas de teatro desde Março, a temporada 2020/21 do Teatro Nacional D. Maria II terá início, a 1 de Setembro, com esse gesto artístico desmedido em que Tónan Quito juntará as quatro principais peças de Tchékhov sob o título genérico A Vida Vai Engolir-vos. Em rigor, e por se tratar de uma apresentação conjunta com o Teatro São Luiz, as portas do D. Maria só abrirão no dia 2, com a primeira subida ao palco da Parte II desta empreitada, um dia antes de Aurora Negra, uma criação conjunta de Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Nádia Yracema se debruçar sobre a invisibilidade dos corpos negros nas artes performativas. Mas Setembro dará ainda palco a Damas da Noite (de Elmano Sancho, de 17 a 27), Seis Meses Depois (coreografia de Olga Roriz, 18 a 20) e a Eurovisão da Canção Filosófica (de Massimo Furlan e Claire de Ribaupierre, 25 a 27).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Redesenhada para acomodar as duas dezenas de espectáculos que foram reagendadas devido ao fecho das salas de teatro desde Março, a temporada 2020/21 do Teatro Nacional D. Maria II terá início, a 1 de Setembro, com esse gesto artístico desmedido em que Tónan Quito juntará as quatro principais peças de Tchékhov sob o título genérico A Vida Vai Engolir-vos. Em rigor, e por se tratar de uma apresentação conjunta com o Teatro São Luiz, as portas do D. Maria só abrirão no dia 2, com a primeira subida ao palco da Parte II desta empreitada, um dia antes de Aurora Negra, uma criação conjunta de Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Nádia Yracema se debruçar sobre a invisibilidade dos corpos negros nas artes performativas. Mas Setembro dará ainda palco a Damas da Noite (de Elmano Sancho, de 17 a 27), Seis Meses Depois (coreografia de Olga Roriz, 18 a 20) e a Eurovisão da Canção Filosófica (de Massimo Furlan e Claire de Ribaupierre, 25 a 27).
A Eurovisão da Canção Filosófica, que terá apresentação de Catarina Furtado e de Furlan, levará a palco um concurso musical com letras de canções encomendadas a filósofos de 11 países europeus (o representante português é Bragança de Miranda) e será o primeiro de cinco espectáculos internacionais. Juntam-se All Together, de Michikazu Matsune (18 e 19 de Dezembro), O Silêncio e o Medo, no regresso de David Geselson (4 a 6 de Março), Bajazet, peça em que Frank Castorf trabalha a partir de Racine e Artaud (12 e 13 de Março), O Bom Combate, de Edna Jaime (28 e 29 de Abril) e Achas para a Fogueira, de Antoine Defoort (18 e 19 de Junho).
Da aposta em anos anteriores no aparecimento de novos valores teatrais portugueses, Outubro receberá a encenação de Rui Horta para Pin My Places, texto de Maria Ferreira resultante do Laboratório de Escrita para Teatro (de 1 a 16 de Outubro), e F, a nova criação da companhia Auéééu – Teatro (28 de Outubro a 8 de Novembro), passageiros do entretanto desaparecido ciclo Recém-Nascidos.
Da relação muito estreita com a actualidade surgirão Última Hora, mergulho de Rui Cardoso Martins, encenado por Gonçalo Amorim (8 de Outubro a 15 de Novembro), na redacção de um jornal em luta por vários níveis de sobrevivência (financeira, ética, etc.), cujo debate em torno das fake news será prolongado pela estreia, em seguida, de Fake, criação de Inês Barahona e Miguel Fragata (3 a 20 de Dezembro). A ascensão da extrema-direita, por seu lado, ocupará David Pereira Bastos na sua encenação de Praça dos Heróis, de Thomas Bernhard (25 de Fevereiro a 21 de Março) e o próprio Tiago Rodrigues em Catarina e a Beleza de Matar Fascistas (7 a 25 de Abril). O actual director do D. Maria II voltará ao palco passados poucos dias, com a peça Please Please Please, uma parceria com as coreógrafas La Ribot e Mathilde Monnier (28 e 29 de Abril).
A dança (de forma mais ou menos directa) atravessará também Carta, o espectáculo com que Mónica Calle continuará a pesquisa iniciada em Ensaio para Uma Cartografia (14 a 24 de Janeiro), Dias Contados, de Elizabete Francisca (5 a 7 de Fevereiro) e Bacantes – Prelúdio para Uma Purga, de Marlene Monteiro Freitas (19 e 20 de Março), enquanto Cristina Carvalhal e Teresa Coutinho se atirarão a duas encenações da autora inglesa Caryl Churchill, em Top Girls e Distante (ambas entre 20 de Maio e 6 de Junho). A ideia de fim será abordada em perspectivas muito diferentes por Jorge Andrade em Off (com texto de Chris Thorpe, de 14 a 31 de Janeiro) e por Ana Borralho e João Galante em Tempo para Reflectir (de 8 a 25 de Abril).
Pelo Teatro Nacional passarão também novos espectáculos de Paula Diogo (Terra Nullius, 1 a 11 de Outubro), Tiago Cadete (Atlântico, 3 a 13 de Dezembro), Sara de Castro (Madalena, 6 a 10 de Janeiro) e Raquel André (Colecção de Espectador_s, 16 a 18 de Julho), assim como encenações de Jorge Silva Melo (Morte de Um Caixeiro Viajante, 4 a 28 de Fevereiro), Sandro Wiliam Junqueira (O que Vamos Fazer com a Revolta, a partir de A Quinta dos Animais, 12 a 14 de Fevereiro), Jean Paul Bucchieri (O Dicionário da Fé, 26 a 28 de Março) e Marco Paiva (Calígula Morreu, Eu Não, de 24 de Junho a 4 de Julho). Por conhecer, ficam, por agora, os espectáculos integrados nos festivais Alkantara, FIMFA e Festival de Almada, e nos projectos Panos, PT.21 e Projecto Nós/Nous.