Países europeus mantêm restrições a Portugal, só atrás da Suécia em casos activos por 100 mil habitantes no continente
Portugal fica de fora da lista de países cujos residentes e visitantes estão dispensados de quarentena à entrada do Reino Unido, um potencial golpe para a recuperação do sector turístico.
Portugal está excluído da lista de países com que o Reino Unido vai abrir, a 6 de Julho, corredores de viagem que permitam aos turistas britânicos evitar a quarentena no regresso ao país. A decisão só será oficialmente anunciada na segunda-feira, mas foi avançada este sábado pela BBC. A medida, que é justificada pela evolução negativa dos números da covid-19 em Portugal nos últimos dias, poderá ter impacto nos planos de relançamento do sector turístico nacional, já que o Reino Unido é o ponto de origem anual de três milhões de visitantes.
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Portugal está excluído da lista de países com que o Reino Unido vai abrir, a 6 de Julho, corredores de viagem que permitam aos turistas britânicos evitar a quarentena no regresso ao país. A decisão só será oficialmente anunciada na segunda-feira, mas foi avançada este sábado pela BBC. A medida, que é justificada pela evolução negativa dos números da covid-19 em Portugal nos últimos dias, poderá ter impacto nos planos de relançamento do sector turístico nacional, já que o Reino Unido é o ponto de origem anual de três milhões de visitantes.
Espanha, França, Grécia, Itália, Alemanha, Holanda, Bélgica, Finlândia, Noruega e Turquia integram a lista de destinos de viagem ou férias que dispensam quarentena no regresso ao Reino Unido, ficando de fora, para além de Portugal, a Suécia.
Desde 8 de Junho que vigora no Reino Unido a obrigação de isolamento durante 14 dias para todos os viajantes, britânicos ou estrangeiros, que regressem do exterior, para reduzir a probabilidade de contágio da covid-19. A desobediência vale uma multa de cerca de mil euros.
Citado este sábado pela BBC, um porta-voz do Governo britânico afirmou que o fim da quarentena obrigatória relativa a um conjunto de países visa dar aos britânicos “a oportunidade de umas férias de Verão no estrangeiro”. No entanto, o responsável sublinhou que o alívio das medidas dependerá sempre da manutenção de um risco baixo de propagação do vírus, e que pode ser revertido se houver uma evolução desfavorável da situação epidemiológica.
No mapa oficial de risco britânico, Portugal e a Suécia deverão ser classificados com a cor vermelha.
Em reacção à notícia, a secretária de Estado do Turismo de Portugal recordou à BBC que Portugal foi recentemente considerado o destino mais seguro da Europa pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo, que classifica o país como um “destino clean & safe”. Rita Marques argumenta que a situação da covid-19 está “completamente sob controlo” em Portugal e que está a ser feito um número significativo de testes à presença do novo coronavírus.
Pior do que Portugal só a Suécia
Também a Dinamarca não vai para já autorizar que viajantes residentes em Portugal, independentemente da nacionalidade, possam entrar no país sem a realização de quarentena. As fronteiras do país nórdico abriram este sábado para visitantes de todos os países do espaço europeu, mas também aqui com a excepção de Portugal e da Suécia. Esta exclusão tinha sido anunciada há uma semana, e manteve-se na lista de países que Copenhaga actualizou na quinta-feira.
O anúncio motivou um protesto da embaixada de Portugal em Copenhaga que, num comunicado publicado no seu site, “lamenta a decisão” das autoridades dinamarquesas em exigir quarentena obrigatória para residentes em Portugal com base na taxa de incidência de contágios por 100 mil habitantes nos últimos sete dias, entendendo que o referido critério “não reflecte a realidade, visto que não toma em consideração a política de testagem e a situação sanitária na sua globalidade”. De reste, este é considerado arbitrário pelo próprio Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que compila e disponibiliza os dados.
Os números do ECDC, igualmente na base das medidas de restrição à entrada de viajantes de Portugal decretadas por mais de uma dezena de países europeus, incluindo a Áustria, Chipre, Bulgária, Letónia, Lituânia, Estónia, Roménia, Grécia e República Checa, são efectivamente desfavoráveis para Portugal e Suécia.
Este sábado, e segundo as contas do ECDC, Portugal era o segundo país europeu com o número mais elevado de casos activos por 100 mil habitantes acumulados ao longo dos últimos 14 dias: 45,60 casos, muito acima do valor registado no Reino Unido (24,62), no terceiro lugar, e de Espanha e Itália, neste momento abaixo dos 10 casos activos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. A Suécia é o país europeu que apresenta o valor mais elevado: 151,05.
Também este sábado, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) registava mais seis mortes e 323 casos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, elevando o total de óbitos para 1561 e de infecções para 41.189. Cerca de 79% dos novos casos das últimas 24 horas foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se registaram também as seis mortes.
Rio critica Governo e DGS
A situação na região de Lisboa é aquela que está a desequilibrar os números de Portugal perante a Europa e que, internamente, está a dividir Governo, Presidente da República, peritos e oposição. Não existe até ao momento consenso científico sobre as causas da subida do número de casos na capital e arredores, e tanto o executivo de António Costa como a Câmara Municipal de Lisboa têm criticado a ausência de dados que expliquem a tendência.
Este sábado, o líder do PSD, Rui Rio, distribuiu culpas entre o Governo e a DGS, declarando que o controlo da pandemia “correu mal” em Lisboa e defendendo que o executivo necessita de “introduzir a dinâmica que a Direcção-Geral da Saúde precisa e de estar também mais atento para responder mais depressa”.