Covid-19: quase 80% dos estudantes do Porto sentiram-se mais ansiosos
O inquérito da FAP mostra que a pandemia deixou os estudantes da academia do Porto com as “famílias mais pobres”, “dificuldade em pagar casa” e a saúde mental a “deteriorar-se”.
Quase 80% dos estudantes do ensino superior do Porto diz ter sentido “aumento do estado de ansiedade ou depressão” por causa da pandemia de covid-19. Um inquérito a 2217 estudantes do ensino superior público, privado e ensino cooperativo da academia do Porto, realizado na primeira semana deste mês — entre 1 e 8 de Junho —, concluiu que 78% dos alunos diz ter sentido “aumento do estado de ansiedade, depressão ou outro”, informou Marcos Alves Teixeira, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), numa entrevista telefónica à Lusa.
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Quase 80% dos estudantes do ensino superior do Porto diz ter sentido “aumento do estado de ansiedade ou depressão” por causa da pandemia de covid-19. Um inquérito a 2217 estudantes do ensino superior público, privado e ensino cooperativo da academia do Porto, realizado na primeira semana deste mês — entre 1 e 8 de Junho —, concluiu que 78% dos alunos diz ter sentido “aumento do estado de ansiedade, depressão ou outro”, informou Marcos Alves Teixeira, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), numa entrevista telefónica à Lusa.
O dirigente estudantil confessou que ficou “chocado” com os resultados da pandemia na saúde mental dos estudantes.
Dos quase 80% de estudantes que sentiram “aumento do estado de ansiedade, depressão ou outro, só 36% é que disseram que tiveram acesso a soluções de ajuda em tempo útil e acessíveis”, acrescentou o presidente da FAP, sublinhando que houve “64% dos estudantes que precisariam de apoio durante a pandemia sem acesso a uma solução rápida e acessível”.
Sobre as aulas à distância, o inquérito indica que 27% dos estudantes disseram não ter recursos, ou os recursos que tinham não eram adequados para acompanhar as aulas e participar em momentos de avaliação.
“Estes dados causam-nos alguma preocupação, sobretudo se o modelo do ensino à distância tiver de continuar no início de Setembro, com o arranque do novo ano lectivo”, disse o presidente da FAP, lembrando que essa desigualdade já foi “denunciada inúmeras vezes” pela FAP.
Outra conclusão do estudo que Marcos Alves Teixeira destacou foi o facto de mais de metade dos estudantes (53%) ter dito que o seu agregado familiar perdeu rendimentos durante a pandemia. O estudo refere ainda que, entre a percentagem de estudantes deslocados, mais de metade diz ter dificuldade em continuar a pagar o alojamento. No que respeita à perda de rendimentos, dois terços dos estudantes bolseiros fazem parte de agregados familiares que perderam rendimentos.
Entre os estudantes não bolseiros que se encontram deslocados do agregado familiar, 64% assumiu dificuldade em suportar a despesa com alojamento e 18% respondeu que pondera mesmo abandonar o ensino superior.
“São números preocupantes e merecem duas leituras. Se por um lado significam que pode existir um aumento do abandono, entre aqueles que já se encontram dentro do sistema de ensino superior, por outro pode fazer-nos adivinhar que alunos do ensino secundário que se encontrem nas mesmas condições podem nem sequer concorrer ao ensino superior. Se nada for feito, a pandemia estará a destruir todos os esforços que foram feitos ao longo de muitos anos para alargar a base social de recrutamento para o ensino superior”, observou.
O inquérito mostra que a pandemia deixou os estudantes do ensino superior, neste caso da academia do Porto, com as “famílias dos estudantes mais pobres”, com os estudantes a terem “dificuldade em pagar casa” e a saúde mental a “deteriorar-se”, concluiu.