O vermelho saiu à rua em Liverpool: “Esta conquista é para vocês”
Jürgen Klopp falou ao site do clube sobre o título inglês, 30 anos depois. “Não poderia estar mais orgulhoso”.
Jürgen Klopp fez mesmo bluff quando sugeriu que talvez nem visse o jogo entre o Chelsea e o Manchester City, que acabou por entregar numa bandeja dourada o título ao Liverpool. Não só acompanhou o encontro pela televisão, como convocou todos os jogadores para o efeito, no hotel onde costumam estagiar. A festa dentro da unidade hoteleira foi uma pequena amostra da festa que aconteceu nas ruas. E a festa que aconteceu nas ruas foi uma pequena amostra do que teria sido em circunstâncias normais, sem covid-19, sem amarras sanitárias.
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Jürgen Klopp fez mesmo bluff quando sugeriu que talvez nem visse o jogo entre o Chelsea e o Manchester City, que acabou por entregar numa bandeja dourada o título ao Liverpool. Não só acompanhou o encontro pela televisão, como convocou todos os jogadores para o efeito, no hotel onde costumam estagiar. A festa dentro da unidade hoteleira foi uma pequena amostra da festa que aconteceu nas ruas. E a festa que aconteceu nas ruas foi uma pequena amostra do que teria sido em circunstâncias normais, sem covid-19, sem amarras sanitárias.
Os adeptos dos “reds” rumaram preferencialmente a Anfield Road, uma espécie de santuário desportivo para os seguidores do clube. E se muitos optaram por ficar em casa, vestindo-se a rigor e enfeitando a fachada com motivos alusivos aos heróis do momento, outros acabaram por ignorar as regras do distanciamento social e festejaram em conjunto nas imediações do estádio.
Entre fumos vermelhos, tochas e os tradicionais cânticos - que, naturalmente, incluíram o hino You'll Never Walk Alone -, os festejos prolongaram-se bem para lá da meia-noite, para descontentamento das autoridades de Liverpool.
“Infelizmente, nem toda a gente respeitou as regras em vigor”, notou Rob Carden, chefe da polícia de Merseyside. “Nos próximos dias, instamos as pessoas a agirem correctamente e a celebrarem de forma segura, com os familiares e dentro da sua bolha social”, acrescentou, já antevendo a continuação da festa nas próximas semanas, enquanto a época durar.
No centro da cidade, o Cunard Building iluminou-se, a igreja de St. Luke também sentiu bem de perto o calor do fogo-de-artifício, mesmo que os carros tenham sido mantidos à distância pela polícia.
“Esperámos tanto tempo, todos os que fazem parte do clube estavam desesperados por trazer o título para casa, para os adeptos”, resumiu Jamie Carragher, antigo capitão do Liverpool, aos microfones da Sky Sports.
Klopp: “Vou começar a chorar novamente"
Com sete jornadas ainda para completar a Premier League, não faltarão oportunidades para Jürgen Klopp e os jogadores se pronunciarem sobre uma época que tem sido excepcional (e que se segue a uma outra que culminou com a conquista da Liga dos Campeões). Mas enquanto os protagonistas não surgem no espaço público, valem as declarações ao site do clube.
“Se eu começar a tentar falar de como me sinto, vou começar a chorar novamente. Estou em êxtase, não sei, é uma mistura de tudo - estou aliviado, contente, orgulhoso. Não poderia estar mais orgulhoso dos rapazes”, resumiu Jürgen Klopp, confessando que também sentiu um pouco de vazio mal o árbitro apitou para o fim do Chelsea-Manchester City.
O treinador alemão confessou também que só na época passada interiorizou o sentimento de que seria possível chegar ao título. “Há três anos não nos aproximámos o suficiente, no ano passado estivemos muito perto... O que os jogadores fizeram nos últimos anos, a consistência que mostraram é absolutamente incrível”.
A reacção do internacional inglês Jordan Henderson, um dos motores do meio-campo do Liverpool, também foi no mesmo sentido: “Estou tão orgulhoso por fazer parte deste clube e deste grupo. Merecemos tudo isto, porque vejo como se trabalha nos treinos”, assinalou, apontando já ao futuro: “Agora há que continuar assim, com esta fome e determinação”.
Nesta fase de pandemia, a ligação aos adeptos ganha uma dimensão extra. Especialmente quando se fala de adeptos com o calibre dos do Liverpool, que aguentaram firmes ao longo de três décadas de jejum, sempre ao lado da equipa.
“É maravilhoso poder partilhar tudo isto. Nós estamos aqui, eles [os adeptos] estão lá, mas estamos todos juntos. A minha mensagem é esta: ‘Isto é para vocês aí fora, é realmente para vocês’. É para tanta gente, para Kenny Dalglish e Graeme Souness (...), Shankly e Paisley e Fagan e todos os outros, para Steven Gerrard – nos últimos 20 anos, este clube foi construído nas pernas dele. É simplesmente fantástico”.