PCP relativiza escolha de Centeno para Governador do Banco de Portugal
Jerónimo diz que, se o ex-ministro das Finanças for o escolhido, o BdP continuará a ser “uma sucursal do Banco Central Europeu”. E avisa que só faz sentido negociar soluções de estabilidade com o Governo, se for para resolver problemas dos trabalhadores.
O PCP relativizou esta quinta-feira a escolha do ex-ministro Mário Centeno para governador do Banco de Portugal e admitiu que, se aquele for escolhido, o BdP continuará a ser “uma sucursal do Banco Central Europeu”.
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O PCP relativizou esta quinta-feira a escolha do ex-ministro Mário Centeno para governador do Banco de Portugal e admitiu que, se aquele for escolhido, o BdP continuará a ser “uma sucursal do Banco Central Europeu”.
Para o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, o Governo do PS e o antigo ministro das Finanças têm uma posição conhecida para que “se mantenha” um BdP que “não passa de uma sucursal” do BCE e da União Europeia. “Independentemente da fulanização e do papel de Mário Centeno”, afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, depois de receber na sede dos comunistas, em Lisboa, a Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas.
Para o líder comunista, no debate sobre este tema do novo governador do Banco de Portugal, há um “equívoco e uma omissão, que é saber se em Portugal existe um banco nacional, com decisão soberana, o BdP, ou se continua a ser uma mera sucursal da UE e do BCE”. “A questão de fundo é esta” e não muda, diz Jerónimo de Sousa, por Mário Centeno ser eventualmente o escolhido para o cargo.
"Estabilidade mão é valor em si mesmo"
Quanto à intenção do primeiro-ministro de obter entendimentos à esquerda até 2023, Jerónimo de Sousa disse aos jornalistas que “a estabilidade não é um valor em si mesmo. A estabilidade alcança-se respondendo aos problemas”. Para Jerónimo, o Governo deve “corresponder à necessidade de dar resposta aos problemas, ter em conta que existem centenas de milhares de portugueses no desemprego, em layoff, que vêem os seus direitos sofrerem reduções.
E depois, em pleno processo de debate na especialidade do Orçamento Suplementar, no Parlamento, para responder à crise causada pela pandemia de covid-19, deixou o aviso: “É evidente que não pode haver uma estabilidade política quando se provoca a instabilidade social.”
Jerónimo de Sousa não explicou melhor esta afirmação, mas desde a apresentação do orçamento que os comunistas se queixam que medidas previstas do Programa de Estabilização Económica e Social, que têm o acordo do PCP, não estão previstas no orçamento suplementar.
O que o secretário-geral dos comunistas defende é uma “estabilidade responde aos problemas” e não uma “estabilidade apontando à resignação”: “Isso não faremos”, disse.