Sabe detectar fake news? Centro Nacional de Cibersegurança cria curso para ajudar

O curso, criado em parceria com a agência Lusa, procura ajudar os portugueses a distinguir informação fidedigna de notícias falsas. Há vários exemplos reais de notícias falsas criadas e partilhadas em Portugal.

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A formação gratuita e não tem limite de inscrições PABLO BLASBERG/GETTY IMAGES

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) e a agência Lusa lançaram um curso gratuito online para dotar os portugueses de ferramentas que permitam navegar pelo “mar de desinformação na web” e distinguir o que é jornalismo e informação fidedigna de informação falsa.

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O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) e a agência Lusa lançaram um curso gratuito online para dotar os portugueses de ferramentas que permitam navegar pelo “mar de desinformação na web” e distinguir o que é jornalismo e informação fidedigna de informação falsa.

O curso Cidadão Ciberinformado, lançado esta terça-feira, inclui exemplos reais de notícias falsas que foram amplamente partilhadas em Portugal como o facto (falso) da deputada Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, usar um relógio de milhões de euros, ou de o presidente da Câmara de Lisboa acusar a China de ter espalhado novo coronavírus. O objectivo do curso é ensinar as pessoas a evitar este tipo de armadilhas ao perceber melhor o conceito de notícias falsas e de desinformação.

Actualmente, cada vez que uma pessoa utiliza um computador ou telemóvel é inundada por informação que não é fidedigna. 

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Um dos exemplos partilhados no curso CNCS

“Sentimos a necessidade de criar este curso no ano em que tivemos três eleições em Portugal [2019], as eleições europeias, as eleições legislativas e as eleições regionais, e também decorrente de uma recomendação da Comissão Europeia (CE) de combater a desinformação, que, de alguma forma, apontava como instrumento de combate às fake news e fenómenos associados a aposta na literacia digital e no incremento da literacia mediática”, explicou o coordenado do CNCS, Lino Santos.

O responsável explicou que esta formação gratuita, que não tem limite de inscrições, é orientada “a qualquer tipo de utilizador”, independentemente da idade, e visa dotar as pessoas de “um sentido crítico no consumo de informação” na Internet.

Os módulos podem ser feitos “de uma assentada” e, nesse caso, o tempo de conclusão previsto é de três horas, pelo que no final os participantes que obtiverem uma classificação mínima de 75% vão poder descarregar um certificado.

Contudo, as pessoas podem “ir fazendo aos pedacinhos, módulo a módulo”, sendo essa “uma das vantagens” destas formações pela “web”, prosseguiu Lino Santos.

“É essencial que Portugal tenha um jornalismo profissional, eficaz, e que, de facto, se assuma como o quarto pilar da democracia. Nesse sentido, temos de fazer um trabalho eficaz e profícuo no combate à desinformação, e isso passa por ensinar os comportamentos” que as pessoas devem adoptar quando se deparam com diferentes tipos de informação, explicitou o coordenador do CNCS.

Lino Santos considerou que é importante que as pessoas percebam que, “quando um cabeçalho é bombástico e apela a algumas emoções, devem cruzar imediatamente [essa informação] com outras fontes”.

Navegar na Internet também é saber distinguir “notícias” com um “jornalista por detrás, um corpo editorial por detrás”, de uma fonte que “não tem qualquer tipo de referência, nem é assinada”.

Em consonância com o coordenador da CNCS, o director de Inovação e Novos Projectos da Lusa, Pedro Camacho, disse que este curso vai “ajudar as pessoas a distinguir informação jornalística do resto da informação” que circula nas redes sociais, blogues e em vários sites.

Pedro Camacho sublinhou que é importante que os cibernautas entendam que “muitas vezes são cúmplices” da difusão da desinformação. “Cada vez que fazem um like, cada vez que fazem uma partilha [de um conteúdo falso], vão contribuir para a disseminação dessa informação” que carece de factos, explicou.

Por essa razão, este curso permitirá às pessoas “perceberem se essa informação é uma informação credível, que está assente em fontes credíveis e que está assente em dados, ou se é simplesmente uma opinião de alguém, até pode muito legitimamente estar a dar uma opinião, mas é uma opinião, não é uma notícia”.

As ferramentas e os exemplos que vão estar explícitos na formação também vão permitir perceber as intenções e os “objectivos políticos” que podem estar por detrás de uma notícia falsa que foi difundida milhares de vezes.

O director de Inovação da agência de notícias portuguesa recordou a utilização da desinformação para manipular as eleições presidenciais norte-americanas, ou o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2016.

Numa altura em que várias figuras próximas do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, estão a ser investigadas pela alegada difusão de fake news contra magistrados do Supremo Tribunal Federal (SFT) nas redes sociais, é importante que os cidadãos entendam que, enquanto navegam pelo “caos da Inter”, poderão estar a ser alvo de manipulação.