TAP pediu valor superior aos 1200 milhões atribuídos pelo Estado

A TAP pediu ao Estado mais dinheiro que os 1200 milhões de euros que o Goveno fixou como máximo para o resgate. Há 946 milhões que já estão previstos no Orçamento Suplementar.

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O secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, veio da Parpública, que detém a participação accionista do Estado na TAP Daniel Rocha

O secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, disse esta terça-feira no Parlamento que o valor máximo de 1200 milhões de euros previsto para o auxílio de Estado à TAP foi inferior ao que a companhia aérea pretendia.

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O secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, disse esta terça-feira no Parlamento que o valor máximo de 1200 milhões de euros previsto para o auxílio de Estado à TAP foi inferior ao que a companhia aérea pretendia.

“Vale a pena recordar que a TAP formalizou, no dia 01 de Junho, um pedido de auxílio de Estado ao qual atribuiu um elevado sentido de urgência. O Estado trabalhou no sentido de escrutinar o valor constante desse pedido, tendo concluído por um valor menor”, disse o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, em audição na Comissão de Orçamento e Finanças relativa à alteração ao Orçamento do Estado para 2020.

Questionado pelo deputado do PSD Alberto Fonseca sobre o grau de avaliação que o Estado fez da situação da companhia aérea, Miguel Cruz não adiantou número concretos, mas disse que o Estado “fez um trabalho profundo de escrutínio dos valores, e definiu o montante máximo de 1.200 milhões de euros a utilizar em função daquilo que venham a ser, ao longo do tempo, as necessidades da companhia em matéria de liquidez para que, de facto, possa começar a sua recuperação”.

“Existiu um escrutínio grande daquilo que foi a identificação das necessidades de liquidez, sabendo nós que este é um sector que tem uma situação de incerteza muito grande, mas para além disso, há métricas muito estritas de avaliação de qual é, efectivamente, o montante do auxílio de Estado que ao longo do tempo, nos próximos seis meses, será efectivamente concedido à companhia”, completou Miguel Cruz.

Hoje, o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, admitiu ser “óbvio” que a TAP não tem condições para pagar o empréstimo que vai receber de até 1.200 milhões de euros e quer apresentar o plano de reestruturação em três meses.

“É óbvio que nós não temos condições de pagar a dívida daqui a seis meses. Nenhuma companhia aérea no mundo tomou empréstimo para pagar em seis meses”, admitiu Antonoaldo Neves, que falava na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República, em Lisboa.

Em causa está um empréstimo estatal que pode ir até 1.200 milhões de euros à TAP, aprovado pela Comissão Europeia, mas com a condição de que a transportadora devolva o valor injectado em seis meses ou apresente um plano de restruturação da empresa.

Antonoaldo Neves adiantou ainda que a intenção da TAP é de apresentar aquele plano dentro de três meses.

O Estado (através da Parpública) detém 50% da TAP, resultado das negociações do Governo de António Costa com o consórcio Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman), que ficou com 45% do capital da transportadora, e os restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.

Na semana passada, o secretário de Estado do Tesouro já tinha instado a companhia aérea a apresentar um plano estratégico “com celeridade”, e salientou que o próximo Verão será importante para ter perspectivas sobre o futuro.

“O Estado preparou a notificação [à Comissão Europeia] em tempo recorde, em cerca de três semanas. Compete agora à empresa apresentar o seu plano estratégico com celeridade”, disse o governante, que estava a ser ouvido, juntamente com a restante equipa governativa das Finanças, pela Comissão de Orçamento e Finanças do Parlamento, no âmbito do Orçamento do Estado Suplementar.

A Comissão Europeia aprovou em 10 de Junho um “auxílio de emergência português” à companhia aérea TAP, um apoio estatal de 1.200 milhões de euros para responder às “necessidades imediatas de liquidez” com condições predeterminadas para o seu reembolso.

Porém, uma vez que a TAP já estava numa débil situação financeira antes da pandemia de covid-19, a empresa “não é elegível” para receber uma ajuda estatal ao abrigo das regras mais flexíveis de Bruxelas devido ao surto, que são destinadas a “empresas que de outra forma seriam viáveis”.

No mesmo dia, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse que a TAP pode ter actualmente uma dimensão superior àquela de que vai necessitar nos próximos anos, sendo esta uma das condições da Comissão Europeia para aprovar apoio.

“Nós podemos ter neste momento uma empresa com uma dimensão superior àquela que são as necessidades nos próximos anos. Isto é uma condição da Comissão Europeia”, disse o ministro das Infraestruturas e da Habitação, numa conferência de imprensa, em Lisboa, depois do anúncio da aprovação da Comissão Europeia a um apoio estatal à TAP no valor máximo de 1,2 mil milhões de euros.

No entanto, o governante disse julgar ser possível apresentar à Comissão Europeia “um bom caso” que não tenha como consequência uma “restruturação excessiva da TAP”