Partido do Presidente da Sérvia vence eleições boicotadas pela oposição
Projecções dão mais de 60% ao Partido Progressista, do populista conservador Vucic, e o segundo lugar ao Partido Socialista, seu parceiro de Governo. Deriva antidemocrática na origem do boicote das principais forças da oposição.
O Partido Progressista (SNS), do Presidente conservador Aleksandar Vucic, venceu confortavelmente as eleições legislativas de domingo na Sérvia, com as sondagens a atribuírem-lhe mais de 60% dos votos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Partido Progressista (SNS), do Presidente conservador Aleksandar Vucic, venceu confortavelmente as eleições legislativas de domingo na Sérvia, com as sondagens a atribuírem-lhe mais de 60% dos votos.
A eleição foi marcada pelo boicote das principais forças opositoras, que acusam Vucic de ter usado o seu controlo sobre os media e o poder institucional para viciar a competição a favor do SNS.
“As pessoas mostraram uma enorme confiança na nossa equipa. A população sérvia decidiu que tipo de futuro quer”, celebrou, no entanto, o Presidente, citado pela Reuters.
De acordo com as projecções da Ipsos e da CeSID, o partido do poder deve chegar aos 62,5% dos votos, um resultado mais do que suficiente para garantir a maioria dos 250 lugares da Assembleia Nacional. Na segunda posição ficou o parceiro de Governo do SNS, o Partido Socialista, com uma percentagem prevista de 10,7%.
A Comissão Eleitoral sérvia deverá anunciar os resultados provisórios da eleição ao final da tarde desta segunda-feira.
Naquela que foi a primeira eleição nacional do pós-quarentena no continente europeu, a participação diminuiu – depois dos 56,7% em 2016, o acto eleitoral de domingo ficou-se pelos 48%. Com uma população superior a sete milhões de habitantes, a Sérvia conta com cerca de 12.800 infectados e 260 mortes por covid-19.
Apesar de não ter concorrido ao Parlamento, Vucic foi presença omnipresente na campanha – a lista da coligação liderada pelo SNS foi mesmo intitulada “Aleksandar Vucic – Pelas Nossas Crianças”.
O antigo ministro da Informação de Slobodan Milosevic, que em tempos foi um ultranacionalista sérvio assumido, é o homem-forte da política do país balcânico desde 2012. Já exerceu o cargo de vice-primeiro-ministro, primeiro-ministro e é Presidente da Sérvia desde 2017.
A oposição que boicotou as eleições acusa Vucic de controlar a comunicação social, patrocinar campanhas nas redes sociais pró-SNS, acumular o poder executivo com as funções de chefe de Estado, asfixiar a liberdade de expressão e apertar o cerco à corrente liberal e democrática do país.
“A maioria da oposição entende que, na verdade, não temos eleições. Para haver eleições democráticas é necessário haver condições para as pessoas ouvirem coisas diferentes e expressarem-se livremente”, disse à Associated Press, no sábado, Dragan Djilas, líder da coligação União para a Sérvia, um dos partidos que recusou participar nas legislativas.