Governo alemão afasta possibilidade de deixar cair a Lufthansa
Oposição do maior accionista privado às exigências do governo alemão para o resgate de nove mil milhões fez soar sinais de alarme na empresa e nos mercados. Ministro das Finanças alemão diz que “consenso” é possível.
O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, assegurou esta segunda-feira que o governo está empenhado em encontrar uma solução para viabilizar a Lufthansa, cujo principal accionista privado discorda das condições impostas por Berlim para viabilizar um pacote de ajudas de nove mil milhões de euros.
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O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, assegurou esta segunda-feira que o governo está empenhado em encontrar uma solução para viabilizar a Lufthansa, cujo principal accionista privado discorda das condições impostas por Berlim para viabilizar um pacote de ajudas de nove mil milhões de euros.
Entre elas, a companhia teria de deixar de distribuir dividendos e aceitar que o Estado assumisse temporariamente uma posição de 20% no capital, com direito a dois lugares no conselho de administração.
Na semana passada, o presidente executivo da empresa, Carsten Spohr, revelou, numa carta enviada aos trabalhadores e divulgada pela Bloomberg, que o resgate da empresa corria o risco de fracassar devido à oposição do principal accionista da transportadora, o multimilionário Heinz Hermann Thiele, que tem 15% do capital.
Esta segunda-feira, o ministro das Finanças alemão, que falava numa videoconferência a partir de Berlim, sublinhou que o governo alemão tem “o dever de assegurar que a Lufthansa consegue sobreviver à crise”.
“Tivemos uma boa discussão e desenvolvemos uma boa proposta com a gestão da Lufthansa”, afirmou o governante, citado pela Reuters. “Também concordámos com a União Europeia, por isso, penso que discutir a proposta, que é o que fazemos – para se ter a certeza do que é que está em causa – poderá gerar o consenso” entre as partes, afirmou o ministro.
No final de Maio, a Lufthansa (que inclui ainda a Brussel Airlines, a Austrian Airlines e a Swiss Air) anunciou ter chegado a acordo com o governo alemão quanto ao plano previamente acordado com a Comissão Europeia, salientando que a entrada no capital da empresa não daria ao Estado direito de voto, excepto em situações em que estivesse em causa uma oferta pelo capital da empresa. Além disso, o Estado também deveria vender a sua posição até ao final de 2023, desde que as ajudas públicas já tivessem sido reembolsadas.
No entanto, a viabilização dos accionistas é indispensável para que o plano de resgate seja implementado, e as negociações quanto aos termos específicos das ajudas (que exigem ainda a imposição de tectos salariais aos executivos) parecem ter chegado a um impasse.
“Trata-se de uma ideia bem desenhada sobre como lidar com uma situação especial”, prosseguiu Scholz. “Penso que a Lufthansa tem sido uma empresa muito bem-sucedida antes da crise e é nosso dever fazer com que ela sobreviva à situação da pandemia da covid-19”, acrescentou.
Hoje é esperada uma reunião entre a gestão da empresa e o ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, que poderá ajudar a desbloquear o plano de salvamento da transportadora que, ao contrário da TAP, tinha uma situação financeira saudável antes de ser afectada pela pandemia.
Com os receios em relação ao impasse nas negociações, as acções da Lufthansa já estiveram a cair mais de 6% na bolsa alemã, valendo cerca de 9,5 euros.