Covid-19: Investigadores estudam resposta imunitária para evitar desfechos fatais

Objectivo é tentar estratificar o risco que o vírus SARS-CoV-2 representa para cada pessoa infectada, para evitar complicações.

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Ilustração do novo coronavírus ECDC

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vão estudar a resposta do sistema imunitário de doentes com covid-19 de forma a tentar prever e estratificar o “risco” da infecção, actuar preventivamente e evitar “desfechos fatais”.

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Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vão estudar a resposta do sistema imunitário de doentes com covid-19 de forma a tentar prever e estratificar o “risco” da infecção, actuar preventivamente e evitar “desfechos fatais”.

“A nossa ideia é tentar perceber a resposta do nosso sistema imunitário quando temos o assalto desta infecção por SARS-CoV-2, ou seja, se existe um estado inflamatório generalizado que leva a um desfecho pior”, afirmou Matilde Monteiro Soares, investigadora da FMUP. 

Em declarações à agência Lusa, Matilde Monteiro Soares explicou que, nesse sentido, vão ser rastreados cerca de 200 doentes com covid-19 do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho e familiares e profissionais de saúde que contactaram com os infectados. “Queremos saber qual o perfil imunológico destes doentes na óptica de tentar prever desfechos ou prever a probabilidade de virem a sofrer alguma complicação.”

Além da FMUP, o projecto, desenvolvido no âmbito da 2.ª edição da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) Research 4 Covid-19, conta também com cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e do Centro Portic, do Instituto Politécnico do Porto, onde serão feitas as análises laboratoriais.

No decorrer do projecto, a equipa de investigadores vai traçar o perfil inflamatório e o perfil imunológico, que além dos anticorpos que os doentes desenvolvem contra o vírus, também assenta em citocinas, isto é, “mensageiros químicos do sistema imunitário que produzem a inflamação”.

“Embora a inflamação seja um mecanismo de defesa expectável no combate a agentes agressores, às vezes ocorre um desequilíbrio que leva a uma elevação das citocinas, ou seja, a hiperinflamação. Esta tempestade de citocinas pode levar à falência de vários órgãos e conduzir à morte. Portanto, o objectivo é traçar o perfil destes mensageiros”, referiu Ruben Fernandes, do Portic (acrónimo em inglês de Centro de Investigação, Tecnologia e Inovação do Porto).

Segundo Ruben Fernandes, a compreensão do perfil destes mensageiros químicos poderá ajudar a actuar preventivamente e evitar “o desfecho fatal”, sendo que, por essa razão, a equipa vai debruçar-se sob 13 marcadores pró-inflamatórios.

Matilde Monteiro Soares adiantou ainda que, para a comunidade científica, este projecto é “mais uma pequena peça do puzzle”, e que poderá vir a ajudar a “explicar partes do processo” relacionado com a covid-19.

Com um financiamento de 40 mil euros, este é um dos 55 projectos apoiado pela 2.ª edição da linha Research 4 Covid-19 que visa responder às necessidades do Serviço Nacional de Saúde e que na sua 1.ª edição apoiou 66 projectos.