A investigação clínica é uma actividade fundamental para a valorização da saúde
Porque o exercício da actividade clínica está em constante mutação pela exigência das boas práticas, deve existir uma fusão organizativa das instituições de saúde que contemple a aglutinação da assistência com o ensino contínuo e a investigação.
A investigação clínica tem como objectivo a melhoria do conhecimento das doenças e o desenvolvimento de novas metodologias de diagnóstico e tratamento para um melhor cuidado dos doentes. Pretende aumentar o conhecimento médico, através da observação ao longo do tempo, por indivíduos competentes e de acordo com as medidas ético-legais necessárias. Fornece evidência científica sobre a etiologia, diagnóstico, tratamento e prognóstico da doença, qualidade dos serviços prestados, análise de decisão clínica, satisfação dos utentes e profissionais da saúde, aspectos económicos e de equidade na prestação de cuidados e distribuição de recursos.
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A investigação clínica tem como objectivo a melhoria do conhecimento das doenças e o desenvolvimento de novas metodologias de diagnóstico e tratamento para um melhor cuidado dos doentes. Pretende aumentar o conhecimento médico, através da observação ao longo do tempo, por indivíduos competentes e de acordo com as medidas ético-legais necessárias. Fornece evidência científica sobre a etiologia, diagnóstico, tratamento e prognóstico da doença, qualidade dos serviços prestados, análise de decisão clínica, satisfação dos utentes e profissionais da saúde, aspectos económicos e de equidade na prestação de cuidados e distribuição de recursos.
As decisões médicas, muitas vezes sujeitas à incerteza e risco, necessitam da abordagem científica de boa qualidade para credibilizar a prática clínica. Acresce o avanço cognitivo constante do diagnóstico e da terapêutica, originando problemas de actualização a quem tem a responsabilidade de proporcionar a melhor assistência médica. De referir, ainda, a combinação entre a gestão dos recursos humanos por parte das instituições de saúde e a responsabilização dos profissionais por parte da sociedade, na melhor prestação de cuidados clínicos, criando sucessivas exigências na racionalização da prática diária.
Assim, o que se pretende com a investigação em saúde, é saber como podem os profissionais colectar a informação disponível, de modo a introduzir as mudanças necessárias na prática clínica, beneficiando os doentes.
Sendo a investigação conduzida preferencialmente por médicos, porque tem o doente como orientação, deve também incluir outros profissionais afins com a doença, nomeadamente enfermeiros, biólogos, fisiologistas clínicos, nutricionistas ou psicólogos.
Porque o progresso científico é rápido e complexo, absorvendo muito tempo, podem existir confrontações com modelos de gestão institucional, cumprimento de metas assistenciais, incompatibilidade com modelos de contratação em part-time. Acresce o limitado hábito na curiosidade, na inovação, no ensinamento que se proporciona aos profissionais em formação, levando ao esquecimento da investigação como alicerce indispensável para uma boa prática clínica.
No panorama nacional, muitos cargos de chefia são ocupados por médicos sem especial formação científica, muito contribuindo a indigência valorativa da investigação e do ensino pós graduado nos concursos de progressão de carreira. Acresce a quase ausência de uma política de investigação como estratégia das unidades de saúde, a que se junta a dificuldade de financiamento, nomeadamente uma total ausência de benefícios fiscais que possam estimular mecenato individual ou de empresas.
Os ensaios clínicos são instrumentos que avaliam o benefício e risco de intervenções terapêuticas, sendo os ensaios de novos medicamentos uma modalidade de investigação clínica que contribui para a qualidade da actividade assistencial, interessando à indústria, que facilita parcerias e financia o acesso à clínica de fármacos inovadores.
Porque o exercício da actividade clínica está em constante mutação pela exigência das boas práticas, deve existir uma fusão organizativa das instituições de saúde que contemple a aglutinação da assistência com o ensino contínuo e a investigação, em Centros Académicos de Medicina, de forma a abarcar toda a diversidade e complexidade dos cuidados de saúde. Neles, para além dos médicos, devem ter acesso à investigação todos os profissionais que interagem com o doente, nomeadamente enfermeiros, técnicos de diagnóstico e outros profissionais afins à saúde.
Uma área de grande interesse é a investigação epidemiológica, fundamental para a avaliação das políticas de saúde. São, ainda, de especial importância para a governação das instituições, a fiabilidade dos dados clínicos, a organização de arquivos e de registos relevantes de determinadas patologias, a manutenção de material biológico em áreas como a cardiologia, reumatologia ou a oncologia.
Em conclusão, a investigação clínica deve ser uma importante tarefa de todos os profissionais da saúde, contribuindo para a melhoria dos cuidados assistenciais. Devem, nas instituições de saúde, ser criados gabinetes de investigação, incluindo apoio bioestatístico, e uma rede de acesso à literatura científica. O apoio ao financiamento, que não esteja assegurado pelos ensaios clínicos que interessam à indústria, deve ser procurado em instituições públicas ou privadas, em concursos temáticos ou em bolsas patrocinadas por mecenato individual ou empresarial. Por fim, é desejável que um Centro Académico de Medicina agrupe várias unidades hospitalares, incluindo as envolvidas na prestação de cuidados de saúde primários, tendo como finalidade a obtenção de toda a informação clínica válida que possa servir de base para uma melhor prática médica.