Grupo burlou mais de uma centena de vendedores com esquema por MB Way
Rede contava com 25 homens que tentavam comprar de tudo. Desde uma simples cadeira a um automóvel. Depois davam um número de telemóvel ao vendedor e pediam para o associar à conta do MBway. Estudavam bem as vitimas, que eram escolhidas consoante o seu grau de conhecimento sobre a aplicação.
Enganaram mais de uma centena de pessoas em todo o país. Fingiam que queriam comprar determinados bens, que estavam à venda em várias plataformas da Internet, e depois levavam os vendedores a associar um número de telemóvel que lhe forneciam, à conta do MBWay que depois dava aos burlões acesso imediato às contas bancárias.
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Enganaram mais de uma centena de pessoas em todo o país. Fingiam que queriam comprar determinados bens, que estavam à venda em várias plataformas da Internet, e depois levavam os vendedores a associar um número de telemóvel que lhe forneciam, à conta do MBWay que depois dava aos burlões acesso imediato às contas bancárias.
O dinheiro era retirado da conta do vendedor enquanto este pensava que estava a receber o valor do bem que estaria a vender. As burlas, desta rede em especifico e que visaram bens que iam desde simples cadeiras, sofás, equipamentos electrónicos e até automóveis, atingiram vários milhares de euros, segundo apurou o PÚBLICO junto de fonte ligada à investigação.
A rede foi desmantelada pela GNR do Comando Territorial de Portalegre, através do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Elvas, que esta quinta-feira, desencadeou uma grande operação, na zona de Campo Maior, que levou para já à detenção de nove homens e à constituição de outros 16 arguidos. Nesta rede estavam homens com idades entre os 17 e os 56 anos.
O esquema implicava um estudo aos bens que estavam à venda nas várias plataformas da Internet e aos respectivos vendedores. Os suspeitos passavam horas na Internet a seleccionar as possíveis vitimas.
Os alvos eram seleccionados consoante o conhecimento que tinham da utilização da aplicação MB Way. Os suspeitos conversavam com o vendedor para avaliar o seu grau de conhecimento da aplicação. Se percebessem que o vendedor conhecia bem o funcionamento da aplicação a operação de burla era automaticamente abortada, caso contrário a conversa para conquistar a simpatia e a confiança do outro lado continuava.
No seio da rede contavam com uma espécie de “professores” que à medida que angariavam mais elementos para a causa davam formação sobre a forma de actuar, isto é, burlar os vendedores.
Telemóveis descartáveis
A pesquisa que era feita na Internet implicava a existência de vários meios tecnológicos. Os suspeitos tinham vários computadores e usavam telemóveis descartáveis. Alguns destes telemóveis eram desligados depois de concretizadas as burlas.
Segundo a GNR, esta operação decorreu na sequência de uma investigação que tem vindo a ser desenvolvida há cerca de seis meses. Na operação desta quinta-feira, estiveram envolvidos 250 militares de várias especialidades, tendo a operação contado com o Grupo de Intervenção de Ordem Pública (GIOP), Grupo de Intervenção Cinotécnico (GIC), Direcção de Investigação Criminal (DIC), a estrutura de Investigação Criminal e a Intervenção de diversos Comandos Territoriais.
No decorrer das diligências policiais, foram realizadas 19 buscas domiciliárias e 19 em veículos, culminando na apreensão dispositivos electrónicos, documentação e cerca de três mil euros.
Foram ainda apreendidos diversos bens, tais como duas caçadeiras, uma arma de ar comprimido, diversas munições calibre 12, mais 11 doses de haxixe e vários artigos em ouro.
De acordo com a GNR, o crime de burla através da aplicação MB Way tem tido um aumento exponencial. Só nos últimos meses de 2019 e até agora, os prejuízos das vítimas deste tipo de crime ascenderam aos milhões de euros. A falta de conhecimento sobre o uso da aplicação MB Way, a boa-fé das vítimas e, porventura, a necessidade premente de vender bens ou serviços de forma a produzir algum rendimento, poderão contribuir para o aproveitamento dos criminosos.