Universidade de Oxford quer remover estátua do colonizador Cecil Rhodes

Membros do movimento pela retirada do monumento congratulam-se com a decisão, que será oficialmente tomada por uma comissão de inquérito independente.

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Estátua de Cecil Rhodes, na entrada do Oriel College, na Universidade de Oxford EDDIE KEOGH/Reuters

A Universidade de Oxford, no Reino Unido, votou favoravelmente a remoção da estátua de Cecil Rhodes do Oriel College. A decisão final será tomada por uma comissão de inquérito independente, que tem ainda a tarefa de debater o legado imperialista do colonizador britânico.

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A Universidade de Oxford, no Reino Unido, votou favoravelmente a remoção da estátua de Cecil Rhodes do Oriel College. A decisão final será tomada por uma comissão de inquérito independente, que tem ainda a tarefa de debater o legado imperialista do colonizador britânico.

A decisão surge na sequência dos protestos do movimento Rhodes Must Fall, que ganhou projecção nas últimas semanas, depois de a morte do afro-americano George Floyd ter gerado uma onda de protestos anti-racistas a nível internacional, apesar de o movimento já reivindicar a remoção da estátua há vários anos.

Em comunicado, ao anunciar a criação da comissão de inquérito independente, a direcção do Oriel College expressou “o desejo de remover a estátua de Cecil Rhodes”, garantindo que estas decisões “foram tomadas após um período ponderado de debate e reflexão, com plena consciência do impacto que tais decisões provavelmente terão na Grã-Bretanha e no resto do mundo”.

Segundo a direcção do Oriel College, a comissão de inquérito vai debater o legado de Cecil Rhodes e tem a missão de levar a cabo “uma revisão sobre como o compromisso da faculdade, no século XXI, para ir ao encontro de maior diversidade na forma de lidar com o passado”, uma das reivindicações do movimento Rhodes Must Fall, que pede que o currículo universitário seja mais abrangente e inclua questões ligadas às minorias.

Inspirados por um movimento estudantil na África do Sul, que em 2015 fez cair uma estátua de Cecil Rhodes na Universidade da Cidade do Cabo, e impulsionados pelo movimento Black Lives Matter, centenas de estudantes da Universidade de Oxford têm exigido a remoção da estátua desta figura fortemente ligada ao racismo.

No século XIX, Cecil Rhodes desempenhou um papel central no colonialismo britânico, nomeadamente no Zimbabué (antiga Rodésia) e na África do Sul, tendo feito fortuna no sector mineiro africano. Ao longo da sua vida, Rhodes expressou ideais racistas e implementou a segregação racial, medidas que abriram caminho para o regime de Apartheid na África do Sul.

Pressão vai continuar 

Em 2016, a direcção da Universidade de Oxford comprometeu-se com um período de reflexão sobre o tema e alargou o debate sobre o passado colonial britânico. No entanto, a estátua de Rhodes manteve-se intacta. Quatro anos depois, a história pode ser diferente.

“Esta declaração tem algumas semelhanças com 2016, contudo, inclui detalhes adicionais cruciais, com a própria direcção a votar pela remoção da estátua. Acho que isso é uma mudança substancial”, afirmou Simukai Chigudu, professor de Políticas Africanas na Universidade de Oxford e um dos fundadores do movimento Rhodes Must Fall, ao The Guardian.

“Em primeiro lugar, este é um momento de celebração”, afirmou à Reuters Sizwe Mpofu-Walsh, estudante sul-africano da Universidade de Oxford, e um dos activistas do movimento Rhodes Must Fall. “A energia e pressão devem continuar para que o Oriel College veja o seu desejo concretizado”, acrescentou.

A remoção da estátua, contudo, não é consensual. Críticos do movimento consideram que remover a estátua é reescrever a história, enquanto os activistas anti-racistas denunciam que a estátua é um símbolo do imperialismo e do colonialismo, que deve ser questionado. 

Nas últimas semanas, houve vários episódios de remoção de estátuas por iniciativa popular, nomeadamente nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá ou Bélgica. Em Portugal, uma estátua do Padre António Vieira, erigida em 2017 e considerada por activista anti-racismo como uma glorificação do passado esclavagista português, foi vandalizada na semana passada.