Venda de manjericos resiste no S. João mas martelinhos em queda

O produtor considera que ter um manjerico “é sinal de não querer a perda da tradição e um incentivo para não baixar os braços”.

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A pandemia de covid-19 não conseguiu abalar a tradição dos manjericos nas festas dos santos populares no Norte, e o maior produtor desta planta na região acredita que vai vender cerca de 40 mil vasos.

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A pandemia de covid-19 não conseguiu abalar a tradição dos manjericos nas festas dos santos populares no Norte, e o maior produtor desta planta na região acredita que vai vender cerca de 40 mil vasos.

Joaquim Araújo produz e comercializa manjericos há mais de duas décadas, e apesar de este ano ter sentido alguma incerteza inicial quanto ao negócio, está agora convicto de que vai escoar quase toda a sua produção para alegrar as festividades de S. João, sobretudo no Porto e em Braga.

“Tivemos uma quebra, de cerca de 15 % nas vendas para o sul no S. António, porque os centros comerciais estiveram encerrados, e isso afectou o escoamento. Mas aqui para a região Norte as coisas estão quase normais e a funcionar relativamente bem”, explicou o produtor à Agência Lusa.

Ainda assim, Joaquim Araújo confessou ter sentido “algum receio” na altura de plantar os manjericos nos seus campos agrícolas em Pedrouços, localidade da Maia, no distrito do Porto, uma vez que o ciclo inicial da planta coincidiu com o início da pandemia, em Março.

“Decidimos arriscar, pois se não produzíssemos os manjericos seria mais uma tristeza numa altura tão difícil. Até estamos a fazer uns preços simpáticos para que ninguém tenha de ficar sem a planta em casa neste período de festas”, acrescentou.

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Grande parte das vendas de Joaquim Araújo destina-se a grandes superfícies comerciais e hipermercados, e o empresário, pela sua experiência, lembra que, no caso do S. João, a maior parte dos manjericos não são comprados na noitada, de 23 para 24 de Junho.

“As pessoas gostam de ter os manjericos antes, para os pôr nos convívios familiares ou em cima da mesa nas sardinhadas. O facto de este ano não haver arrais na rua não significa que as pessoas não queiram ter a planta nas suas casas”, constatou.

O produtor considerou, até, que ter um manjerico “é sinal de não querer a perda da tradição e um incentivo para não baixar os braços”, algo que tentou transpor para os versos, que o próprio criou, para colocar nos vasos.

“Normalmente fazia umas quadras com um bocado de “piripiri”, mas este ano já não foi tanto assim. Puxei mais pelo orgulho de ser português e pelo combate que todos temos de fazer contra este vírus”, explicou Joaquim Araújo.

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Menos 90% de mar​telinhos 

Mas se as vendas dos manjericos parecem estar imunes à covid-19, o mesmo não se passa com os tradicionais martelos de S. João, produzidos em algumas fábricas de plásticos na área metropolitana do Porto, que com a proibição dos arrais nas ruas, registaram uma procura bem menor.

“Em relação aos anos anteriores tivemos uma quebra de quase 90% cento nas vendas deste artigo. No princípio da pandemia ainda produzimos alguns martelos, para vender aos hipermercados, mas quando percebemos que não ia haver festas na rua parámos porque sabíamos que não íamos ter procura”, disse à Lusa Rita Oliveira, responsável da fábrica Moldra, também na Maia.

A empresária contou que “o pouco stock que foi produzido já foi todo escoado” e que, não havendo mais encomendas para este artigo, a fábrica dedicou-se a outros produtos.

“Apesar de tudo, não vai ser um ano mau para a empresa, porque começámos a produzir frascos para álcool gel e outros artigos que estão a ter muita procura. Os martelos ficarão para o próximo ano quando esta questão do vírus melhorar”, antecipou Rita Oliveira.