Comissão independente estima que houve 3000 abusos sexuais na igreja francesa desde 1950
Durante 70 anos, cerca de 3000 pessoas terão sido vítimas de abusos.
O presidente da Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja Católica em França estimou hoje em pelo menos 3000 o número de vítimas neste país desde 1950.
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O presidente da Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja Católica em França estimou hoje em pelo menos 3000 o número de vítimas neste país desde 1950.
Durante esse período de setenta anos, o número de agressores sexuais na Igreja não pode ser “inferior a 1500”, afirmou Jean-Marc Sauvé durante uma videoconferência, enfatizando que estes números provisórios surgiram de “um primeiro relatório de investigações” realizadas pela comissão a que preside, nos arquivos de dioceses e congregações religiosas.
É a primeira vez que esta estimativa é feita para a França, reconheceu Sauvé à agência noticiosa AFP, dizendo estar “intimamente convencido de que há muito mais vítimas”.
Estes números provisórios provêm de um primeiro resultado de pesquisas realizadas nos arquivos de dioceses e congregações religiosas pela Comissão Independente de Abuso Sexual na Igreja (Ciase), criada em 2018 pelo episcopado, explicou.
Ao mesmo tempo, a plataforma telefónica para pedidos de testemunho criada pelo comité da Ciase há um ano recebeu 5300 ligações, disse Jean-Marc Sauvé, acrescentando que algumas pessoas provavelmente entraram em contacto várias vezes.
“O que não sabemos é como combinar essas duas fontes (chamadas para a plataforma e trabalho de investigação)”, declarou Sauvé.
Nesta dúvida, o mesmo responsável afirmou que “estas são duas fontes diferentes que não se sobrepõem, mas que podem ser adicionadas em parte”.
Também sublinhou a natureza provisória dos dados recolhidos, já que o pedido de testemunho é prorrogado até 31 de Outubro e as investigações nos arquivos ainda estão em andamento.
Outros trabalhos iniciados antes do confinamento da covid-19 e suspensos durante esse período também serão retomados.
A Ciase, criada sob pressão após a revelação de vários escândalos, deve apresentar o seu balanço e as suas recomendações no final de Setembro e início de Outubro de 2021, concluiu.