Viseu: Casa da Calçada pronta para receber Museu Keil do Amaral

Casa senhorial do século XVIII, a Casa da Calçada ou da Vigia está requalificada e pronta para acolher o espólio da família Keil do Amaral. Para já, recebe a exposição “PÚBLICO, 30 anos de fotografia”.

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Igor Ferreira

Situada na zona histórica de Viseu, a Casa da Calçada, exemplar do século XVIII, está pronta para ser “devolvida” ao património da cidade, sete anos depois de ter sido adquirida pela autarquia.

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Situada na zona histórica de Viseu, a Casa da Calçada, exemplar do século XVIII, está pronta para ser “devolvida” ao património da cidade, sete anos depois de ter sido adquirida pela autarquia.

A reabilitação conservou a traça original de um edifício que foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 2006. Sem grandes transformações arquitectónicas, mas com um “trabalho quase de filigrana”, foram mantidas e restauradas a escadaria de granito e a entrada principal onde está exibido o brasão de armas da família Sampaio e Melo. Esta é uma casa que, segundo a autarquia, está “repleta de história” não só pelas suas características típicas da arquitectura civil setecentista, mas também pela localização geográfica (Calçada da Vigia), na união entre a parte alta e a parte baixa da cidade.

A reabilitação durou seis anos, um processo que teve “altos e baixos” e que o presidente da Câmara, Almeida Henriques, até ironizou que estava “assombrado” pela lenda do “fantasma que toca piano” e que está associada a este edifício.

“Tudo o que podia correr mal correu. Mas acredito que espantámos o fantasma”, assegura o autarca.

“Assombrada ou não, a verdade é que a obra de reabilitação da Casa da Calçada demorou muito mais tempo do que o previsto, sendo envolta numa sucessão de azares, entre insolvências de empreiteiros e danos causados por obras num prédio vizinho”, explica.

Para Almeida Henriques, esta reabertura tem um “grande significado” para Viseu. “É um património do centro histórico que é devolvido à comunidade e um exemplo de uma filosofia de intervenção do lado da reabilitação e não da reconstrução. A identidade arquitectónica e histórica do edifício está intacta”, salienta, frisando que as casas senhoriais e os solares fazem parte da paisagem urbana do centro histórico.

A reabilitação teve início no final do ano de 2014 e representa um investimento que ascende a meio milhão de euros, tendo sido preservados elementos decorativos da casa nas fachadas, cobertura, tectos e caixilharias. “Uma intervenção complexa, uma obra minuciosa que salvaguardou a alma de um edifício que deixou de ser uma residência para passar a estar no domínio publico” e que, a partir do dia 21 de Setembro, vai passar a ser um equipamento museológico, conclui o autarca.

A partir desta data, a Casa da Calçada recebe o espólio da família Keil do Amaral. O novo espaço vai integrar a rede municipal de museus e, de acordo com Almeida Henriques, “acaba por ser também um museu da identidade nacional”, uma vez que ali vão estar obras de Francisco, Luís, Maria, mas também, Alfredo Keil do Amaral, que foi o autor do hino nacional.

Exposição do PÚBLICO

Mas, para já, a abertura da Casa da Calçada acontece com a “estreia nacional” da exposição “PÚBLICO, 30 anos de fotografia”. A inauguração online é feita esta sexta-feira, às 17h30,  através das redes sociais do município de Viseu e do jornal PÚBLICO.

Na inauguração, e antes de uma visita guiada à exposição, terá lugar uma conversa sobre o tema “Pode uma boa imagem salvar-nos?”, em torno do papel do fotojornalismo no mundo de hoje, com a participação de Manuel Roberto e Miguel Manso, editores de fotografia do PÚBLICO, Alfredo Cunha e Luís Vasconcelos, primeiros editores de fotografia do jornal, Fátima Lopes Cardoso, investigadora, e Nuno André Ferreira, fotojornalista e embaixador de Viseu para a Fotografia, com a moderação de David Pontes, director adjunto do PÚBLICO.

Comissariada por Lara Jacinto, José Soudo e Luís Filipe Catarino, a exposição apresenta uma selecção de 60 imagens com alguns dos acontecimentos dos últimos 30 anos, registados pela lente de fotógrafos que fizeram a história do Jornal e do país, como Alfredo Cunha, Manuel Roberto, Paulo Ricca, Enric Vives-Rubio, Adriano Miranda ou Carla Carvalho Tomás, entre muitos outros.

“Esta exposição marca com um selo de qualidade o ano dedicado à arte e à cultura da fotografia em Viseu. É uma viagem em sentido duplo. Uma viagem pela história do século XVIII e uma viagem por Portugal nos últimos 30 anos”, salienta Jorge Sobrado, vereador da Cultura na Câmara de Viseu.