Qual é o período de transmissibilidade do novo coronavírus?

Especialistas em infecciologia da Universidade do Porto vão investigar, nos próximos seis meses, durante quanto tempo o vírus da covid-19 fica no organismo e é infeccioso.

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No Hospital de São João, no Porto Manuel Roberto

Especialistas em infecciologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) vão, durante os próximos seis meses, tentar perceber qual o período de transmissibilidade do novo coronavírus e a evolução do perfil imunológico dos doentes com covid-19.

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Especialistas em infecciologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) vão, durante os próximos seis meses, tentar perceber qual o período de transmissibilidade do novo coronavírus e a evolução do perfil imunológico dos doentes com covid-19.

“O que queremos perceber é qual o tempo de transmissibilidade do vírus e isso é importantíssimo porque pode permitir tornar menor o tempo de internamento das pessoas”, afirmou Margarida Tavares, investigadora do ISPUP.

Em declarações à agência Lusa, a médica infecciologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, salientou ser “extremamente relevante” desenvolver um estudo longitudinal para encontrar respostas para esta questão, uma vez que não se sabe quanto tempo o vírus “fica no organismo”. “A partir do momento em que saibamos que uma pessoa não reinfecta e saibamos quanto tempo é que ela é capaz de infectar, é um avanço gigantesco”, salientou.

O projecto, desenvolvido no âmbito da segunda edição da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Research 4 Covid-19, além do período de transmissibilidade do SARS-CoV-2, vai também debruçar-se sobre a evolução do perfil imunológico dos doentes com a covid-19.

Através de colheitas seriadas de amostras, os mais de 20 investigadores envolvidos no projecto vão quantificar a carga vírica nas secreções respiratórias, fazer cultura de vírus, determinar uma série de marcadores inflamatórios e fazer a titulação dos anticorpos por classe, por forma a perceber “quando é que ocorre a passagem de anticorpos da classe igM (que indica infecção recente) para classe igG”.

“Vamos seguir ao longo do tempo estes doentes, para perceber todas estas dinâmicas quer da nossa resposta, quer da forma como o vírus se comporta perante essa resposta, quer a nossa produção de anticorpos”, referiu Margarida Tavares.

De acordo com a infecciologista, a equipa de investigadores, que pretende analisar os dados de acordo com a gravidade da doença, vai acompanhar durante dois a três meses “quatro grupos diferentes de indivíduos”.

“Tudo depende daquilo que tivermos em termos de números. Tínhamos proposto avaliar 30 doentes internados, seja nos cuidados de enfermaria, intermédios ou intensivos, 20 doentes sintomáticos em ambulatórios, dez infectados assintomáticos e seguir 60 expostos no sentido de encontrar, entre 15 a 30% de pessoas que vão positivar”, esclareceu.

Financiado em 40.000 euros, este é um dos 55 projectos apoiado pela segunda edição da linha Research 4 Covid-19, que visa responder às necessidades do Serviço Nacional de Saúde e que na sua primeira edição apoio 66 projectos.

Além do ISPUP, o projecto integra também investigadores do Centro Hospitalar Universitário de São João, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto e agentes de saúde pública da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte).